quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Jalapão, onde todos os clichês se encontram (POST RETROATIVO)


A Viagem

Data: 08 a 10/05/2014
Cidades: Ponte Alta do Tocantins (TO) e Mateiros (TO)

Jalapão não é uma cidade. É o nome de um microrregião do estado de Tocantins. Mas não é tão importante saber o que é o Jalapão. O importante é conhecê-lo. Sabe todos aqueles clichês de viagem, tipo "paraíso", "lugar de sonhos", "maravilha da natureza"? Então, todos eles se aplicam por aqui. Conhecemos a região na nossa viagem de férias de 2014. Ou seja, o passeio fez parte de uma viagem maior, que englobou desde Roraima até as cidades históricas de Minas Gerais. Mas certamente eu e Chris voltamos mais impressionados com o Jalapão do que com qualquer outra coisa que tenhamos visto nesta viagem, e até mesmo em todas as outras.

 Antes de viajar para lá, eu tinha em mente alguns mitos sobre a região. Em verdade dois mitos: o de que só dá pra conhecê-la através da Korubo (operadora de turismo mais famosa de lá) e o de que tem que ter muito preparo físico pra conhecer as principais atrações, por conta de trilhas longas. Bem,  não fomos com a Korubo. E não andamos mais do que 10 minutos pra conhecer nenhuma das maravilhas do lugar. Existe um terceiro mito, sobre o preço que se paga para passar uns dias no paraíso (eu avisei que os clichês seriam inevitáveis), e este se comprovou verdadeiro. Mas entrarei nesses detalhes mais no fim do post, quando você já estiver decidido a ir pra lá na próxima oportunidade.


As cidades

Para conhecer o Jalapão, o caminho mais natural é primeiro ir até Palmas, a capital do estado, de avião, e de lá partir para o que realmente importa. Confesso que não gostei de Palmas, que chamei de "Brasília sem Niemeyer", o que é uma imprecisão, já que há algumas coisinhas do famoso arquiteto por lá também. Mas a cidade não oferece grandes atrativos. E faz um calor do cão. Chris gostou mais do que eu, embora também não tenha amado.

Uma vez no Jalapão, há duas cidades que são base para todos os passeios: Ponte Alta do Tocantins e Mateiros. Quem vai pra lá e quer conhecer as principais atrações vai ter que passar ao menos uma noite em cada uma dessas cidades.

De Palmas até a primeira são cerca de 200 km, em boas estradas. Você pode ir via Santa Teresa do Tocantins, mais rápido, ou via Porto Nacional. Acabamos indo pelo segundo caminho porque meu Guia Quatro Rodas indicava que o primeiro não tinha estradas asfaltadas. Só ao chegar lá descobrimos que a via foi recentemente pavimentada. Nós fomos de carro alugado, mas o fato é que o carro de passeio não serve pra muita coisa no Jalapão, então ele ficou parado até a hora de voltarmos de lá. Pode parecer um desperdício de dinheiro, mas também é bastante prático poder voltar tranquilo, sem depender de ônibus ou algum traslado.  Aliás, voltamos via Santa Teresa, e o caminho é mesmo bem mais curto, e com asfalto novinho.


Ponte Alta do Tocantins

É a principal porta de entrada para o Jalapão. Até ela é possível chegar por estrada asfaltada, com carro de passeio. Conta com algumas pousadas bem simples, e alguma estrutura básica, como alguns restaurantes, farmácia, padaria, etc. Tem seu charme, que reside na simplicidade. Há uma pracinha típica de cidades pequenas, com uma igrejinha, e basicamente duas ou três ruas principais que concentram o comércio. Não é um charme chique. É um charme rústico. No sentido literal da palavra, já que hoje em dia virou moda dizer que alguma coisa é rústica pra poder cobrar os olhos da cara por ela. 


O rústico centrinho com a rústica igrejinha


Fizemos duas refeições na cidade. A primeira foi no restaurante Portal do Jalapão. Quando lá chegamos, perguntamos à moça se eles já estavam servindo, e ela respondeu "a gente tem arroz, feijão, bife e ovo frito, pode ser?". Claro que podia ser. Refrigerante ela só tinha de dois litros, de modo que tomamos um pouco e deixamos o resto pra eles. A outra refeição foi na Sorveteria e Pizzaria R&R. Sim, é isso mesmo, o local vende pizza e sorvete. Sensacional, não?. Tinha até um telão, onde estava passando um documentário sobre tigres, se bem me lembro. Ambas as refeições foram bem simples, mas não passaram de R$ 40,00 cada uma, para os dois, com bebida incluída.

O ranguinho simples da Portal do Jalapão

A pizza na sorveteria R&R

Mateiros

Se Ponte Alta do Tocantins já é pequena, com seus 7 mil habitantes,  Mateiros é menor ainda, com pouco mais de 2 mil. Mas é perto dela que estão algumas das atrações mais espetaculares da região, que são impossíveis de se conhecer com um bate-e-volta de Ponte Alta. A cidade tem o básico, e a verdade é que você só vai ficar nela durante a noite, porque os dias são bastante preenchidos com os passeios. De qualquer forma, é gostoso bater perna por suas ruas parcamente iluminadas, e se sentir plenamente seguro ainda assim. 

Parca iluminação na praça central da cidade

Em Mateiros fizemos duas refeições no mesmo Restaurante da Dona Roza, que era conhecido do guia Adail. Custa R$ 20,00 por pessoa sem bebida, ou seja, um pouco mais caro do que nossas refeições em Ponte Alta. Mas a qualidade também era mais elevada. Comida caseira, como se fosse um self-service na casa da avó. Inclusive a Dona Roza é muito simpática, como uma boa avó. A foto é bem parecida com a tirada no Restaurante Portal do Jalapão, a toalha parece ter sido feita no mesmo lugar, e minha camiseta...bem, é a mesma do outro dia. Poxa, eu só usei à noite, não tava suja, juro!


O papá na Dona Roza, onde estou com a mesma camiseta com a qual jantei no Portal do Jalapão

Os passeios

Chegamos ao que de fato interessa no Jalapão: suas atrações naturais, que vão se sucedendo com o passar dos dias de passeios, uma mais incrível que a outra. Chegamos a comentar isso com o guia Adail, sobre o fato de que várias vezes a gente pensou "é, não vai ter nada mais  legal que isso", e aí vinha outra surpresa pela frente, que superava a anterior.

Lá no começo do texto eu escrevi que não andamos mais do que dez minutos pra fazer nenhum passeio, e isso é fato. Mas em compensação sacolejamos como nunca dentro de uma Savana, veículo 4x4 da Mitsubishi. É isso: para chegar às atrações você roda bastante por estradas de terra, mas em compensação elas te deixam na "cara do gol". Por isso é importante fazer o passeio com guia, porque, mesmo em veículos 4x4, é preciso conhecer as estradas e os caminhos para todas as atrações. Eu não me aventuraria sozinho. Alem de perigoso, é bastante cansativo, que o digam as batatas das pernas do Adail, que devem ficar em frangalhos, mesmo ele estando acostumado com tanto freio/acelerador/embreagem, por tantas horas seguidas. Fazendo com guia você só precisa se preocupar em olhar a paisagem, e se segurar de vez em quando. Mas eu diria com tranquilidade: é passeio pra quem tem de 8 a 80 anos. Só as hérnias de disco da Chris é que reclamaram um pouco...
 

Vou listar as atrações que conhecemos, pela ordem em que as visitamos. Não conhecemos tudo que há no Jalapão, mas, segundo Adail, mais do que três dias é só pra quem quer ir mais longe, até São Félix do Tocantins, onde há atrações bacanudas, mas não melhores do que as que podem ser conhecidas em Ponte Alta e Mateiros.

Cachoeira do Rio Soninho

A primeira atração que conhecemos no Jalapão. Foi um bom começo, pra gente ir se acostumando aos poucos com o que iríamos encontrar. A cachoeira em si não chama tanto a atenção, embora tenha um grande volume de água.

Casal na pose típica que os guias pedem pra fazer

O que mais gostamos foi o que veio a seguir: um banho nas águas do Rio Soninho. "Ah, nada de mais", você deve pensar. Quem nunca tomou um banho de rio? Bem, com aquela água morninha eu nunca tinha tomado. Chris adorou. E isso é padrão em todos os rios do Jalapão: a água não é gelada. Quem está acostumado com cachoeiras sabe que as águas costumam congelar o contribuinte. Não é o caso aqui. É sempre água fresca. Não chega a ser quente, mas mesmo a mais friorenta das mulheres (que atende pelo nome de Chris) pode entrar tranquilamente. Não vou falar mais sobre isso quando escrever sobre as outras atrações. Basta saber que a água é sempre assim. E o Rio Soninho ainda tem um atrativo a mais, que é a camada de pedra lisinha por onde ele corre, ao menos no trecho onde Adail nos levou. É como se fosse ladrilho de piscina, não é daquelas pedras pontudas que machucam o pé. 

Desagradável pra cacete

Cachoeira da Fumaça

Tem esse nome porque sua queda de 40m provoca uma nuvem de vapor que pode ser vista de longe. Por motivos de segurança não se chega muito perto dela. Mas dá pra avistá-la de alguns mirantes, e ter uma boa noção de sua magnitude.

Só pra constar, o arco-íris é constante, tá?

Banho no Rio Balsas

Aqui demos apenas uma paradinha pra refrescar, no padrão Jalapão: águas límpidas, frescas, e muitos peixes pequeninos nadando ao redor. Aliás, outra coisa que é constante pelos rios da região: sempre muitos peixes, o que mostra como o ambiente é saudável e limpo. No Rio Balsas nós chegamos a alimentá-los, e eles formam um cardume ao seu redor. Claro que os grandões não chegam perto, apenas os filhotinhos.

Refresco no Rio Balsas

Pedra furada
Um lugar clássico do Jalapão para se ver o pôr do sol. Mas ainda era muito cedo, e não tivemos paciência de esperar ali até ele se botar completamente. Trata-se de uma formação rochosa de arenito, que vai se deteriorando com o tempo e o vento, fazendo grandes "furos" em sua estrutura. Provavelmente daqui a alguns milhares ou centenas de anos tudo vai cair, então é melhor ir logo. Foi com ela que encerramos nosso primeiro dia no Jalapão, mal sabendo que o melhor ainda estava por vir.

Casal e o furo na Pedra Furada

Cânion do Suçuapara

Este fica bem pertinho de Ponte Alta do Tocantins, e talvez seja uma das poucas atrações que podem ser acessadas com carro de passeio. Como o nome diz, é uma fenda na rocha, provocada pela água. E é ela, a água, o grande atrativo do lugar, já que fica pingando o tempo todo. Não bate muito sol por ali, pelo menos na hora em que visitamos. Você caminha um pouquinho por um pequeno córrego e chega ao paredão de pedra, com uma pequena prainha. Deve ser um esconderijo e tanto para muitos animais, por ter sombra e água fresca. Tanto que o nome suçuapara é a palavra em tupi para o cervo-do-pantanal.

O finalzinho do cânion

Casa do traficante

Esta não conta nos guias turísticos. A história que ouvimos de Adail pode bem ser uma grande lorota, mas é uma delícia. Ele disse que na década de 80, quando o Jalapão era ainda mais ermo do que hoje, um traficante colombiano (ou seria boliviano?) ali se instalou, dizendo ao governo brasileiro que iria fazer perfumes, ou coisa que o valha. E montou seu império de drogas, com direito a uma pista de pouso para seus aviões, um casarão, piscina, alojamentos para os funcionários, salão de baile e os cacete. Depois de oito anos de esbórnia, a propriedade foi descoberta pela polícia federal, e desde então ficou abandonada em sua maioria. A casa principal serve de moradia para uma espécie de caseiro que cuida da entrada da Cachoeira da Velha. Os antigos alojamentos dos funcionários chegaram a funcionar como pousada, mas hoje estão abandonados. Ah, se eu tivesse um dinheirinho sobrando...

Chris e sua droga, na piscina abandonada do traficante

Cachoeira da Velha
Conta com um trilha de madeira para se chegar até sua base. O nome vem de uma história local que diz que uma senhora solitária morava perto dela. É conhecida como "mini Foz do Iguaçu", e o motivo não é difícil de descobrir: o volume de água é absurdo. Claro que o banho é proibitivo, a não ser que você seja meio suicida. Mas dá pra ficar um bom tempo ali contemplando aquela maravilha da natureza. Já avisei que os clichês surgiriam aos montes...

Má cai água, viu?

Prainha do Rio Novo

Ironicamente, é o Rio Novo que alimenta a Cachoeira da Velha. Esta pequena prainha fica bem próxima à cachoeira, e conta com estrutura de banheiros e escadas de madeira. Difícil descrever a sensação de descer aquelas escadas. A impressão é de estar chegando em um cenário de filme: banco de areia fofa, águas límpidas, e muita mata ao redor. Miragem pura. Mesmo com tudo que vi no Jalapão, este foi o lugar que mais me impressionou. Não dá pra acreditar que não foi montado pra ficar daquele jeito, como se alguém tivesse feito em um programa de computador. Ali ficamos por cerca de duas horas, e mesmo depois desse tempo todo eu ainda soltava interjeições de descrença enquanto íamos embora. "Meu Deus!". "Não é possível". "Este lugar é incrível". É lugar de ficar bobo mesmo. Chris, me manda calar a boca, por favor...

Tentativa de registrar o que é chegar à Prainha...

...e a tristeza de ir embora dela

Córrego do Frita Gordo
Nem chega a ser uma atração. É mais uma parada pra xixi depois de tanto sacolejo. Mas serve pra mostrar como são as coisas no Jalapão: mesmo numa paradinha besta, águas límpidas, frescas e muitos peixes. 

Gordo frito

Dunas
Lembra do que acontece na Pedra Furada? Então, as dunas são aquilo em escala gigantesca. As areias das montanhas de arenito vão se decompondo, e com a ação do vento, vão formando enormes bancos de areia ali por perto.

O que está "descascado" ao fundo é o que formou o solo onde pisamos

O mais impressionante é ver aquele cenário semelhante a um deserto de um lado, e a mata verde de outro, com direito a rio e tudo. Coisas que só o Jalapão pode proporcionar. Mas se prepare: esta é a atração que mais exige preparo físico por aqui. Prepare-se para andar longuíssimos dez minutos em uma trilha plana. Dureza, né? Mas garanto que vale a pena. Dá pra subir nas dunas por uma pequena trilha lateral, já que está proibido subir diretamente pelo banco de areia. O lugar também proporciona um belo pôr do sol, segundo Adail, mas algumas nuves começaram a se formar, e ele mesmo falou que não valia a pena esperar. Mesmo sem pôr do sol, dá pra ficar um bom tempo sobre as dunas, olhando para um lado e a para outro, procurando explicações pra tudo aquilo, e tirando toneladas de fotos.

A "longuíssima" trilha que leva até as dunas

Chris, mata, montanhas, Jalapão

Povoado de Mumbuca

Próximo a Mateiros, trata-se de uma comunidade quilombola com cerca de 165 habitantes, oriundos da Bahia, que vieram em busca de melhores condições de vida. Foi ali que Dona Miúda, hoje falecida, começou a trabalhar com o capim dourado, dando origem a um tipo de artesanato que hoje em dia pode ser encontrado em todo o Brasil. No dia em que estivemos no povoado ele estava praticamente deserto, por conta de uma festa em Mateiros para onde quase todos os adultos foram. Ficaram apenas algumas crianças, que tomavam conta da Casa do Artesão, onde fizemos algumas compras. Disse-nos o Adail que o passeio da Korubo não passa por aqui. Se isto for verdade é imperdoável, já que o artesanato de capim dourado é uma das marcas não só do Jalapão mas do estado do Tocantins como um todo.

Chris na Casa do Artesão

Fervedouro

Mais uma daquelas coisas difíceis de acreditar. Uma nascente de rio, cercada de bananeiras, onde você simplesmente não consegue afundar por conta da pressão da água. Acredite, eu fiz força, mas não consegui. Não se sabe a profundidade do local. Mas há também um pequeno banco de areia com águas cristalinas ao redor da nascente. Chris, por exemplo, ficou com medo de entrar no "buraco", fez apenas uma tentativa, e depois ficou no cantinho do poço. Adail disse que acha que o Ibama logo logo vai proibir a visita, para preservar a nascente. Portanto, mais um motivo pra ir logo pra lá. 

Fê tenta em vão se afogar, e Chris toma um solzinho

É aí que você tenta e não consegue

Cachoeira do Formiga

Última, mas não menos impressionante, atração que conhecemos no Jalapão. Uma pequena queda d´água e uma piscina de águas cristalinas, que ficam azuis quando o sol bate. Muito azuis mesmo. Ao lado um pequeno braço do rio, onde "dá pé", e você pode ficar se refrescando enquanto os peixes vem fazer festinha na sua perna. Um lugar de sonhos. Ah, vá à merda, Jalapão!

É essa cor mesmo, a gente não sabe mexer no Photoshop

Acredite, a Chris está na água

A pousada

Não há tantas opções de pousada, tanto em Ponte Alta quanto em Mateiros. Nós escolhemos ficar em Ponte Alta, na Pousada Planalto (o site às vezes sai do ar, o telefone é [63] 3378-1141), porque ela também organiza os passeios pelo Jalapão, fornecendo guia e veículo. O lugar é bem simples, com um café da manhã razoável, e conforto básico. Há alguns problemas de limpeza, e os móveis são um pouco antigos, mas há frigobar, TV, chuveiro quente, e as diárias, em maio de 2014, estavam em R$ 130,00. Um preço honesto pelo que a pousada oferece.

Fê e a fachada simples da Pousada Planalto

O passeio obrigatoriamente envolve uma noite em Mateiros, e lá nos hospedamos na Pousada Vereda Tropical, da impagável Dona Bibi, com quem passamos uma agradável noite de conversas e muita risada. Quem fez esse "meio de campo" foi a própria Pousada Planalto, ou seja, não tivemos que fazer reserva para nos hospedarmos por lá, e nosso quarto continuou nos esperando em Ponte Alta quando voltamos, inclusive com nossas coisas, já que não levamos tudo para Mateiros.

Chris e a inesquecível Dona Bibi, na Pousada Vereda Tropical

Uma coisa curiosa foi que Dona Lázara, proprietária da Pousada Planalto, nos pediu autorização para que o guia estagiário Ademir fizesse o passeio conosco. Acabou sendo divertido, porque o homem falava mais que político, sem parar, e seu bordão "o cabra tem que ter coragem" virou meme entre eu e Chris, e o repetimos até hoje. Embora falante demais, era boa praça, e não atrapalhou em nada a experiência. 

Fê com o estagiário Ademir (vermelho) e o guia Adail (verde)

Vamos agora àquela parte chata que eu tinha anunciado no início do post. Antes de mais nada, vale dizer que no veículo 4x4 em que passeamos cabem quatro pessoas, e o valor pode ser dividido entre todos. Porém, no período em que eu e Chris fomos, não havia ninguém para ir conosco, portanto arcamos sozinhos com o valor. Que veio a ser, em maio de 2014, de R$ 1.700,00 por três dias de passeio. Convenhamos, não é barato. Vale dizer que esse valor é só dos passeios, as diárias são pagas à parte. Ou seja, são mais de R$ 2.000,00 por casal, caso não haja companhia. Mas, conforme já escrevi antes, você não precisa se preocupar com nada, apenas em entrar e sair do veículo quando chega nas atrações.

Outra coisa importante: maio é um mês maravilhoso para visitar a região. Fizemos todos os passeios praticamente sozinhos. Pensando bem, posso tirar o "praticamente": não me lembro de encontrar nenhum turista em nenhum dos lugares a que fomos. Além disso o clima nessa época é ótimo, não chove, e está quente, mas não insuportável. Adail nos disse que o mês de junho é o pior, porque tudo fica muito cheio. Ele nos exemplificou dizendo que a Cachoeira do Formiga fica lotada de gente e mal dá pra estacionar, que dirá dar um mergulho decente. É que no Jalapão tudo é diferente, e junho é o verão por lá.


Conclusão

Certamente uma das experiências de viagem mais incríveis que já tivemos. Incrível no sentido literal, de ver coisas difíceis de acreditar. Ficamos felizes de saber que o Jalapão não é para poucos aventureiros, que é acessível e democrático, embora torçamos muito para que o turismo de massa não o alcance. Que as estradas continuem sendo de terra. Que as pousadas continuem sendo simples, assim como seu povo. Simples, e não simplório. Rústico, e não rústico-chique. Assim, interessados em beleza e cultura poderão continuar visitando a região por muitos e muitos anos, e ter a mesma experiência que tivemos.

Uma das coisas mais bonitas de viajar é voltar pra casa e saber exatamente como é aquele cantinho do mundo que você acabou de conhecer. Basta fechar os olhos pra estar lá de novo. Em junho, quando o frio estiver visitando São José dos Campos, sempre pensaremos no Jalapão, em suas águas frescas, seu calor, suas belezas. Embora não estejamos lá, é reconfortante saber que ele existe, e que já estivemos ali. Se nos vir fechando os olhos nessa época, desconfie. Pode ser que estejamos no coração do Brasil, no leste de nosso estado mais jovem, no paraíso, com o perdão do clichê, chamado Jalapão.    


Um pouco desse paraíso agora também é nosso