segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sorocaba, para ser vista de cima



A viagem

Cidade: Sorocaba
Data: 29 a 31/05/2015

Sim, claro que há lugares melhores para se visitar em um fim de semana no estado de São Paulo. Mas com passeio de balão? Bem, não são tantos assim. Com passeio de balão e zoológico? Consultando meus arquivos mentais, acho que é um caso único em um raio de 300 km de onde habito, em São José dos Campos. Portanto, para dar para a Chris de presente de aniversário um passeio de balão que era seu sonho, e ainda poder visitar um zoológico de presente para mim, a escolha certa era Sorocaba. É fato, não há muito mais para se fazer na cidade. Mas com Itu ali pertinho, tivemos uma belo fim de semana, que relato a seguir.

Como não há grande quantidade de atrações, vou fazer o relato por ordem cronológica, e ao final fazer um adendo sobre a cidade de Itu,  que também visitamos quando voltávamos para casa.

Passeio de balão

Chris sempre disse que era seu sonho passear de balão. Eu sempre refuguei. Medo do cacete. Um troço que não tem leme, nem nada parecido, apenas voa ao sabor do vento. Uma poesia louca, mas e a segurança? Medo do cacete. Mas, enfim, amor é amor, né? Daí que eu acertei tudo com o Ricardo, da empresa Céu Vôo de Balão, em Sorocaba, mas não falei nada para a presenteada. Nem sequer para onde íamos. Saímos na sexta-feira dia 29/05, e eu não queria ir por São Paulo, por medo de trânsito. Fomos pela D. Pedro, e foi a Chris que pilotou o GPS. Apenas fui dizendo para ela que queria chegar a Jundiaí, depois que queria chegar a Itu, depois que queria chegar a Sorocaba. Quando falei esta última cidade ela já disse "Hmmm, lá tem passeio de balão". Aí acabei contando, porque ela já tinha matado a charada.

Quem quer passear de balão tem que estar disposto a acordar cedo. Colocamos nosso despertador para as 5h40 da matina. Não é horário de gente, convenhamos. O combinado era estar às 6h30 no Hotel Fazenda Pitangueiras, de onde sairia o passeio. Chegamos lá na hora certinha, até porque nem tomamos café. Descobrimos então que o Ricardo já pede pro pessoal chegar com certa antecedência, talvez temendo atrasos, já que ainda ficamos um bom tempo por ali antes de ele nos chamar.



Agora calcule o frio

Antes do passeio, Ricardo dá algumas instruções sobre os procedimentos de vôo, inclusive em caso de pouso com vento forte, quando existe chance de o cestinho virar no chão. Ele também explica o porque de o passeio ser tão cedo: tem que haver uma diferença de setenta graus entre a temperatura interna do balão e o ar do lado de fora. Por isso, quanto mais frio, mais fácil de o balão subir, e menos gás propano se gasta. Outra coisa interessantíssima: este meio de transporte foi inventado por um padre brasileiro chamado Bartolomeu de Gusmão. Nada a ver, como Ricardo fez questão de frisar, com aquele outro padre que encontrou a morte em 2008, depois de tentar viajar com mil balões de festinha de aniversário.

A espera foi agradável, já que o hotel é muito bonito, e o sol nascendo é coisa que um dorminhoco como eu viu poucas vezes na vida. Mas ver aquele cestinho de vime e aquele pedaço de lona e saber que dali há pouco tempo eu estaria voando neles me deu um baita frio na barriga.



Inflou. E voa mesmo?

Antes de iniciarmos o vôo, nosso condutor perguntou se era nossa primeira vez. Fazíamos o passeio com mais um casal, e todos nós respondemos que sim. Ele então emendou: "é minha primeira vez também". Engraçadinho, não? Aliás, a equipe toda (existem mais três pessoas que ficam em terra e seguem o balão) é muito simpática, e faz de tudo para que todos fiquem bem à vontade e tranquilos, brincadeiras à parte.

Levantar vôo talvez seja o único momento com alguma tensão para quem nunca voou de balão. Rola um certo frio na barriga, mas passa rapidinho. É tudo muito, muito suave. É como se fôssemos urubus aproveitando uma corrente de ar e flutuando enquanto observamos o mundo lá embaixo. Voamos baixo, porque o vento naquele dia estava melhor por ali. Ao contrário do padre desastrado, um balonista sério sabe exatamente a que altura deve voar para conseguir mais ou menos a direção que deseja.



Bem, já tiramos a foto, podemos ir embora, não?


Voar não é só para os pássaros


Nós também podemos

Como nossa altitude não era muito elevada, dava para ver direitinho as pessoas que moram próximo à estrada que sobrevoávamos. E ficamos nos sentindo como estrelas de cinema, já que todos nos acenavam, especialmente as crianças.

Como fato inusitado tivemos o pedido de casamento feito pelo rapaz à sua noiva, durante o vôo, pedido este que eu acabei filmando, porque pouco antes ele havia me dado seu tablet me pedindo para fazer algumas imagens. Eu já estava achando ele meio folgado, porque eu estava perdendo o passeio para filmá-los, mas foi por uma causa nobre. Logo após o pedido, Ricardo abriu um espumante, e todos brindamos lá no alto.



Nosso café da manhã

A descida também foi bastante suave, e se deu na cidade de Salto, a cerca de quarenta quilômetros de Sorocaba. Durante o trajeto o restante da equipe foi nos seguindo com os veículos terrestres, para nos "resgatar" no local do pouso. O passeio todo durou por volta de uma hora. Na volta ao Hotel Fazenda Pitangueiras, há um belíssimo café da manhã incluso no preço do passeio, que fecha com chave de ouro uma experiência que eu achava que seria estressante, mas que se mostrou, ao contrário, extremamente relaxante. Chris também adorou, e isto era o mais importante neste caso. 


Em terra firme, momento de desinflar

Por conta de ter sido um presente, não vou dizer o preço do passeio, apenas dar o link do site da empresa. Basta clicar aqui, e ir voar!

Jardim Zoológico Quinzinho de Barros
 

Não vou chegar ao ponto de dizer que é melhor do que o zôo da cidade de São Paulo. Mas, até mesmo por ser menor, tem condições de dar muito mais atenção a todos os seus animais. E isto se reflete nos recintos e também nas placas explicativas, ponto em que se sobressai por fornecer muitas informações relevantes e curiosas sobre todos os seus "moradores".


Entrada do zôo

Além de todos os animais que estão dentro de seus recintos, há também muitos pavões soltos pelo parque, o que é uma forma fantástica de embelezar o passeio de maneira natural. É como se os pavões fossem peças decorativas que se movem. 


Um dos muitos pavões soltos pelo parque

Um dos destaques do lugar são os lêmures, pequenos primatas nativos da ilha de Madagascar. Para quem gosta de desenhos, é só lembrar do Rei Julian, o figuraça da série de longas metragens homônima à ilha. Eles são bem difíceis de serem vistos em zoológicos no Brasil.


Chris observando o Rei Julian

Ainda no campo dos desenhos animados, chamam a atenção os sempre simpáticos suricatos, que são da espécie do inesquecível Timão, do filme O Rei Leão. Chris, que adora os bichinhos, ficou um tempão olhando eles se movimentarem e prescrutarem o ambiente, como lhes é característico.


Chris e os simpáticos suricatos, ou suricatas

Outro belíssimo recinto é aquele destinado às ariranhas, animais brasileiros que são parentes das lontras. Sabedores da enorme habilidade de nadar que estes animais possuem, os administradores do zôo trataram de fazer um tanque em que os visitantes pudessem avistá-los debaixo d´água, fazendo o que sabem fazer melhor. Demorou, mas eu consegui tirar uma foto de uma delas dando as suas braçadas.


Fiquei uns dez minutos sentado no chão, mas valeu a pena

Na área dos grandes felinos o zôo está servido com os mais famosos deles: tigres, leões e onças-pintadas. Todos os recintos são bastante espaçosos, proporcionando conforto e bem-estar aos animais, que parecem estar em excelente estado de saúde e ãnimo. Claro que isto não impediu os leões de ficarem o tempo todo dormindo, preguiçosos que são. Mas as onças-pintadas compensaram a letargia de seus "primos".


Chris come pipoca e vê suas "ídalas"

Dentro dos limites do parque também está o Museu Histórico Sorocabano, com várias peças e objetos antigos que contam um pouco da história da cidade. Do lado de fora do museu está também um antigo vagão da companhia de trens da região.


Entrada do museu, que fica dentro do parque

O zôo é pequeno, mas fizemos uma visita bem detalhada, e ficamos ali por cerca de três horas. Lemos todas as plaquinhas de identificação, comemos um lanchinho (bem mequetrefe), voltamos para ver os animais de que mais gostávamos e tivemos um passeio muito agradável. Recomendado para os apaixonados por animais e zoológicos, como eu, mas também para os nem tanto, como a Chris. Ah, claro, e para todos que tem filhos pequenos, que vão adorar ver seus personagens favoritos em carne e osso.

Mercadão do Campolim

Aos sábados dá pra comprar artesanato local em barraquinhas que ficam montadas nos corredores do mercado. Há algumas lojas, mas claro que aquela que mais gostamos (ou melhor, que eu mais gostei) foi o Cervejário, um misto de barzinho e loja de cervejas. Há diversos rótulos de vários países, mas também muitas cervejas fabricadas em Sorocaba ou na vizinha Votorantim. Claro que foi nestas que eu me foquei para beber e para trazer para casa.



Tomamos a azulzinha, e trouxemos todas as outras

Padaria Real

Tem uma coxinha de frango com catupiry famosa, e nosso objetivo ao visitá-la era justamente comê-la. Em seu livro Diário de um Magro, o escritor Mário Prata cita esta coxinha, o que ajudou em sua fama (a da coxinha). Para escrever este livro, Prata ficou em um spa em Sorocaba, e as coxinhas da Padaria Real eram motivo de subornos por parte dos internos do spa, para que funcionários lhes trouxessem a iguaria. Fomos tirar a prova e de fato é uma delícia. Consegue ser leve e agradável, ao contrário da maioria das coxinhas de frango, ainda mais com catupiry. Até a Chris, que não é fã deste queijo, adorou.



As deliciosas coxinhas

Restaurante La DOC Gastronomia
 

Detalhes deste jantar (preço, avaliação, etc) em nosso outro blog, aqui.

Passeio para Itu
 

Até havia mais algumas coisas para fazermos em Sorocaba, mas eram passeios ao ar livre e o domingo amanheceu bastante chuvoso, de modo que achamos melhor passear por Itu, que fica a quarenta quilômetros de distância.


Acho que não funciona

Quase todo mundo conhece Itu como a cidade dos exageros. Ela ganhou esta fama por conta de um personagem chamado Simplício, do antigo programa humorístico Praça da Alegria, que dizia que tudo na sua terra era grande. Sua terra, claro, era Itu. Hoje o orelhão gigante, visto aí acima, é o ponto turístico mais famoso, mas há também o semáforo gigante, além de muitos souvenires vendido nas lojinhas do centro que capitalizam em cima da fama da cidade. Há de um tudo: lápis, absorventes, clipes, viagras, baralhos, tudo em tamanho extra grande. 


Este funciona, como se vê pelo carro parado à sua luz vermelha


Um violãozão, e lá dentro dá pra ver os lápis à venda

A cidade também tem muitas igrejas, chegando a ser conhecida como "Roma brasileira". Pena que os horários de visitação são um pouco erráticos, e não conseguimos conhecer muitas delas.

Outro bom motivo para visitar a cidade são seus antiquários, quase todos distribuídos pela Rua Paula Souza, no centro histórico. São muitas opções, e vale a pena entrar nas lojas, nem que seja só para espiar, como nós fizemos. É como visitar um museu, com a diferença de que as exposições estão à venda. E por preços que por vezes são assustadores. É a tal história: um vaso ordinário que você tem em casa hoje pode não valer muita coisa, mas enterre-o por mil anos anos e você terá uma relíquia.

Visitamos também o Museu da Energia, bem fraquinho, que se propõe a mostrar um pouco da história da energia elétrica. Mas o acervo é pobrezinho, e não há muitas explicações. Uma pena.


Para nos despedirmos da cidade, fomos até a Praça dos Exageros, que, como o nome indica, possui algumas estátuas e construções em tamanho exagerado. Uma delas retrata o humorista Simplício sentado no banco da praça.


Simplício com a camiseta do Ituano, e ao fundo o super caixa eletrônico, bicho

Conclusão
 

Sorocaba não é uma cidade com perfil turístico. Carece de um pouco de charme, e de mais atrações. Mas a dupla "passeio de balão + zoológico" rende um belíssimo dia de diversão. Por conta da chuva, acabamos não conhecendo a Floresta Nacional de Ipanema, outra atração da cidade. Mas tanto o instrutor do passeio de balão quanto o casal que passeou conosco falaram que vale muito a pena conhecer. Portanto, não é um absurdo reservar um fim de semana para conhecer a cidade, que não é tão badalada mas tem lá seus encantos. Nem que para vê-los você tenha que ir lá pro alto. 

Mais uma de nós "avoando"