segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Campinas, para além do turismo de negócios

(Não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)



A viagem
 

Cidades: Campinas e Nova Odessa
Data: 16/09 a 18/09/2016

Convenhamos, escolher Campinas como destino turístico para um final de semana não é uma decisão das mais ortodoxas. A cidade é muito mais usada para turismo de negócios, já que está entre as dez mais ricas do Brasil, e é o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento brasileiro (dá-lhe Wikipédia). Mas precisávamos de um destino que fosse relativamente perto de São José dos Campos, e que não fosse muito caro. E tínhamos vontade de conhecer melhor esta cidade para a qual ambos já tínhamos ido, mas nunca para fazer turismo do jeito que a gente gosta. Eu tinha ido visitar meu bom amigo André Guesse, e Chris tinha ido para...turismo de negócios!

Seguem abaixo as atrações que conhecemos na cidade, em ordem cronológica, e ao final um pequeno adendo sobre a cidade de Nova Odessa, a 30 quilômetros de Campinas, e que também conhecemos rapidamente.

Claro que o primeiro passo foi nos dirigirmos ao:

Hotel Opala Barão

É fato, não fica numa região muito bonita da cidade. É bem no centrão, e centrão de cidade grande nenhuma costuma ser bonito. A região está um tanto degradada, com prédios abandonados, pichados e sem cuidados. Existe alguma sensação de insegurança à noite, mas nada digno de filme de terror. Tivemos um pequeno problema ao sermos colocados em um quarto sem varanda, quando eu tinha dito no ato da reserva que um dos hóspedes era fumante. Mas fomos rapidamente realocados, sem muita burocracia, e ficamos satisfeitos com o atendimento. O café da manhã não era dos deuses, mas resolvia a fome matinal. As diárias ficaram em R$ 158,35 cada, já contando a taxa de ISS. Um bom custo-benefício, já que a localização, embora num local não muito bonito, era boa, perto dos principais restaurantes e bares da cidade, e colado na Igreja Matriz.


Uma geral do quarto com os pombos

Cara de quem não gostou da vista

Na noite de sexta em que chegamos, fomos ao:

Bar Brejas

O nome não engana: a especialidade da casa são mesmo as cervejas. Mais do que isso, a principal característica de seu cardápio de petiscos é harmonizar cada um deles com as mais de cem cervejas disponíveis. Para quem gosta (longe de ser nosso caso, imagina) é um prato cheio. Gostamos sempre de tomar a cerveja fabricada na cidade, mas só havia a opção de um chopp IPA da Cervejaria Landel (R$ 14,90, 500ml). Acabamos tomando, mas sentimos falta de outras opções locais. Harmonizamos o chopp com uma porção de croquete recheado com queijo brie (R$ 37,90, 10 unidades). Depois pedimos uma cerveja defumada Bamberg Rauchbier (R$ 16,90, 355ml), fabricada na cidade de Votorantim (a 105 quilômetros de Campinas), que juntamos, seguindo sugestão do cardápio, com tiras de filé de frango à milanesa com molho barbecue (R$ 45,90). Achamos bastante interessante a proposta, e gostamos da qualidade dos petiscos escolhidos, bem como da temperatura de cada cerveja, sempre de acordo com cada estilo. E claro, adoramos o fato de haver um cercadinho do lado de fora onde é permitido fumar.


O cercadinho do lado de fora para os fumantes fumarem

Tudo harmonizando no cardápio do Bar Brejas

Felizes e prontos pra harmonizar

Já no sábado, a primeira coisa que fizemos foi visitar a:

Catedral Basílica de Nossa Senhora da Conceição

Ficava bem pertinho do nosso hotel, bastava virar uma esquina, na Rua da Conceição, para avistá-la, imponente. Construída em taipa no século 19, seu "amarelão" chama a atenção de longe, bem como a torre com o sino e as estátuas do lado de fora. Do lado de dentro são bonitos os entalhes em madeira, cheios de detalhes. A Praça José Bonifácio, em frente, concentra uma grande quantidade de moradores de rua, chaga incontornável "nas grandes cidades de um país tão irreal", como diria Humberto Gessinger.


Chris hipnotizada em direção ao "amarelão"

Carinha de sono, porque viajante madruga

Chris "biserva" os entalhes em cedro

Em seguida fomos até a:

Praça Antônio Pompeo e Monumento-túmulo de Carlos Gomes
 

Eu não sabia, mas o famoso maestro Carlos Gomes, autor de O Guarani e um dos mais importantes compositores clássicos brasileiros, nasceu em Campinas. Seu monumento-túmulo foi inaugurado em 1905, quando seu corpo foi trazido de Belém do Pará, onde faleceu em 1896. Ao redor da praça, além de alguns prédios pichados e mal conservados, está o Jockey Clube Campineiro, construção em estilo eclético, de 1925, e que está em bom estado de conservação.

Aí reside o que resta do Carlinhos Gomes, desde 1905

Chris doida pra entrar no Jockey, que estava fechado

Colado à Praça Antônio Pompeo está o:

Largo do Carmo e Basílica de Nossa Senhora do Carmo

Esta igreja foi a primeira matriz de Campinas, e em seu entorno é que a cidade foi construída inicialmente. O Largo do Carmo é considerado o marco zero da fundação da cidade. A igreja está em boas condições, tanto por dentro quanto por fora. Chamam a atenção as belas pinturas no altar-mor, feitas pelo italiano Gaetano Miani. Havia alguns moradores de rua vendendo balas do lado de fora, e também no interior da basílica, em busca da caridade católica que nem sempre é encontrada.


Já mais acordadinhos, pra visitar outra igreja

Uma boa geral da primeira matriz, com o Fê lá longe

Claro que não podíamos ficar sem visitar a:

Feira Hippie
 

Acontece aos sábados e domingos pela manhã, na Praça Imprensa Fluminense, no charmoso bairro de Cambuí. Como em toda cidade grande, Campinas mostra seus contrastes, já que o supracitado "charmoso bairro de Cambuí" fica a cerca de 10 minutos de caminhada da "região (...) um tanto degradada, com prédios abandonados, pichados e sem cuidados" onde estávamos hospedados. A feira é bem variada, com venda de roupas, artesanato, comida e uma área dedicada às antiguidades, com venda de vinis, moedas e cédulas antigas, entre outras coisas que estão na moda em tempos de dominância do retrô e do vintage.

À esquerda caminha Chris, rata de feiras hippies

No início da tarde fomos conhecer o:

Bosque dos Jequitibás
 

Bem próximo ao centro da cidade, não tem como fugir ao clichê de chamá-lo de oásis no meio da selva urbana. A entrada é gratuita. O bosque, criado em 1888, possui alguns animais soltos (avistamos cotias e pavões), além de um pequeno Museu de História Natural, serpentário e aquário (só com peixes ornamentais). Estes três são visitados com um ingresso único que custa R$ 2. Não dá  pra dizer que não vale a pena, embora sejam todos bem modestos. Já o minizoo, que pode ser acessado sem pagar ingresso, não é tão mini assim, e conta com razoável quantidade de animais, além de bons recintos para eles. Há hipopótamos, onças, lontras, aves, entre outros animais de pequeno e médio porte. O bosque também conta com algumas lanchonetes, loja com lembrancinhas (bem pequenina) e a Casa do Caboclo, uma imitação da casa de um caboclo (jura?), que estava fechada para visitação interna durante nossa visita. O bosque está bem cuidado e limpo.

Vamos passear no bosque?

"Preguiça sou eu!", "Não, preguiça sou eu!"

Dessas aí o Fê já pegou até no colo, não sente medo nenhum

O peixe mais bonito mal dá pra ver, ali onde a Chris aponta

A casa é du cabocro, má o cabocru num tava

Tchaikovsky e seu Lago dos Cisnes

Atendendo à Chris, o hipo abriu a bocarra

No meio da tarde rumamos para os:

Distritos de Sousas e Joaquim Egídio
 

Ficam a cerca de 10 quilômetros de Campinas, e a mudança de cenário é radical. Saem os prédios gigantes entram as pequenas casas e construções típicas de uma cidade do interior. O clima é tranquilo, ideal para o glorioso esporte de sentar e tomar uma. Há também trilhas ladeando rios, a antiga estação de trem e ruas de paralelepípedo. Em Joaquim Egídio sentamos no bar Armazém da Estação, e ficamos um tempo vendo a vida passar. Em seguida fizemos parte da trilha à beira rio (ou beira-córrego), e depois rumamos para Sousas, onde tomamos sorvete e perambulamos um pouco pelas ruas de paralelepípedo. Os restaurantes mais famosos lotam de famílias, já que boa parte tem espaços abertos, bons para a criançada. Pela estrada também é possível encontrar lojinhas de artesanato e empórios. 

Clima bucólico na antiga estação

O glorioso esporte

Chris molha os pés, e somente eles, no raso córrego

Todo o charme das ruas de "paipípu"

No finzinho da tarde fomos conhecer o:

Parque Portugal

Também conhecido como Lagoa do Taquaral, é o lugar onde os campineiros vão para fazer suas caminhadas na pista de cooper (meio detonada, é verdade), e onde as crianças podem se entreter com pedalinhos, parque infantil, planetário, passeio de bonde e viveiros de pássaros. Há também uma réplica da caravela Anunciação, usada por Pedro Álvares Cabral durante as grandes navegações. Há visita interna à caravela, que infelizmente não fizemos porque chegamos tarde ao parque. Pelo mesmo motivo, também não fizemos o passeio de pedalinho, mas deu para ver que alguns deles imitam  a caravela, enfeitando a lagoa ao lado dos indefectíveis pedalinhos com formatos de cisnes. Visitar o parque é um passeio bastante agradável, e um clássico para os moradores da cidade. Sempre ficamos felizes em ver os espaços públicos sendo usados pelos locais.


A Chris tá de frente e a caravela tá de costas

Chris de olho nas capivaras na Lagoa do Taquaral

Atos que desafiam a morte

À noite saímos para jantar no:

Restaurante Matisse

Esta experiência está relatada com detalhes (ambiente, avaliação, preço, etc) em nosso outro blog, que pode ser acessado aqui.


No dia seguinte, um domingo de sol, saímos de Campinas e nos dirigimos à cidade vizinha de Nova Odessa, distante apenas 30 quilômetros, onde visitamos o:

Jardim Botânico Plantarum

Considerado o maior jardim botânico da América Latina em quantidade de espécies. O número é mesmo impressionante: quase quatro mil espécies diferentes de plantas, separadas em jardins temáticos, todas com suas respectivas identificações. Muito bem cuidado e bem estruturado, o jardim ainda oferece um pequeno mapa para ajudar o visitante em suas andanças. São 80.000 m² de área, que podem ser percorridos, sem pressa, em cerca de uma hora de passeio. Quem é estudioso do assunto tem motivos para ficar muito mais do que isso. Há muitos lugares belíssimos, com paisagismo caprichado, além de um belo lago e pequenas lagoas. O dedinho nervoso na máquina fotográfica é inevitável, como ficará comprovado aí abaixo. O ingresso custa R$ 25.


Chris querendo ser levada pela ninfa

O lago tem até um índio em sua canoa

A natureza ofuscada pela Chris

Casal florido

Uma faz charme ao lado das flores...

...outro se expõe ao ridículo com o boitatá

Lavandas, a Chris, o lago, só beleza

Melhor focar nas flores

Intervenção dramática

Nossa espécie preferida

Conclusão

Como se vê, Campinas tem atrações suficientes para um bom final de semana de passeio. Vale lembrar que a atração turística mais famosa da cidade é um passeio de maria-fumaça que vai até a cidade de Jaguariúna, passando pelo distrito de Tanquinho. Acabamos não fazendo este passeio porque já tínhamos feito parte dele no sentido inverso, saindo de Jaguariúna, por isso não demos prioridade e ele desta vez. A vizinha Nova Odessa pode ser facilmente conhecida em um bate e volta, acrescentando uma riqueza "botânica" à viagem. Claro que, por ser uma cidade grande, com mais de um milhão de habitantes, a cidade sofre com os problemas típicos das metrópoles brasileiras. Outro problema, desta vez financeiro, é a grande quantidade de pedágios que existem na boa Rodovia D. Pedro I. Gasta-se mais de trinta reais na viagem de São José dos Campos até lá, num percurso de apenas 150 quilômetros. Mas ainda assim conseguimos atingir nosso objetivo de não gastar muito dinheiro e passar um final de semana agradável.   


Causos e anedotas de viagem:

1 - O rottweiler alérgico a água limpa

Estávamos no distrito de Joaquim Egídio, e Chris molhava seus pés no córrego de águas límpidas, depois de fazermos uma curta trilha. Eu, de tênis e meia, e sem ter levado toalha, preferi ficar de fora, apenas tirando fotografias. Eis que chega um casal da terceira idade com seu rottweiler. Os dois se aproximam, me cumprimentam, e começam um pequeno debate sobre se devem ou não soltar a Chiquita. Um diz que sim, o outro diz "será, bem?", até que o homem resolve me interpelar:

- Moço, essa água é limpa?
- Não faço a menor idéia, senhor - respondo, sem pestanejar.

Depois de algum tempo pensando, ele me diz:

- E ela entrou assim mesmo?
- Entrou - respondo, desta vez demonstrando certa surpresa com a pergunta.

Eles então conversam mais um pouco e decidem que Chiquita não merecer ser exposta ao risco. Mas, para minha surpresa, o homem resolve que ele mesmo vai entrar. Tira as chinelas,  mas se detém por um instante. Então diz à esposa:

- Melhor não entrar. Cortei minha unha do pé hoje cedo, e fiz um cortezinho, se a água for suja eu posso me contaminar.




Clara, notória e evidentemente, um chiqueiro


2 - Fê e a problemática dos pandas

No Parque Portugal havia algumas estátuas de ursos-pandas. Não eram lá muito bem feitas, mas turista adora tirar foto em bobeiras desse tipo. Na verdade quem queria era eu, que falei para a Chris que nunca vi um panda, então era a chance de eu tirar umas fotos com alguns deles, nem que fossem de mentira. Mas ao lado das estátuas havia um banquinho cheio de gente. E homem é cheio de vergonha de fazer coisas assim meio "femininas", como tirar fotos fofas com estátuas de pandas, na frente de desconhecidos. Então arquitetamos um plano. Nos aproximamos das estátuas e Chris falou "olha amor, tira uma foto minha aqui!". Fiz minha melhor cara de enfado, tipo "que bizarro isso", e  bati a foto. Em seguida ela disse, bem alto pra todos ouvirem, "agora vai você, se abaixa ali que eu tiro". E lá fui eu, a "contragosto", tirar uma foto com os pandas.



"Ai ai, mulher tem cada uma"