quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

As Capitais Esquecidas - Parte II: Rio Branco (AC)

(Não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)

Introdução à série "As Capitais Esquecidas"
 

Eu mesmo usei uma palavra, no título desta série, que talvez não seja a mais adequada. Esquecidas por quem? Certamente não por aqueles que as habitam. É como quando dizemos "porra, o Acre é longe pra cacete!". Longe? Para quem lá mora, aqui é que é longe. Distância é um conceito que sempre depende do ponto de vista. Mas talvez o título seja bom para mostrar que eu mesmo tive, um dia, esse preconceito em relação às nossas capitais de unidade federativa menos "badaladas". Para combater preconceito, seja de que tipo for, não basta dizer "eu? Imagina, eu não tenho preconceito". É melhor que sejamos sinceros, reconheçamos o problema, para aí sim podermos combatê-lo.

Pois bem, não sei exatamente quando eu enfiei na cabeça que queria conhecer todas as capitais do Brasil. Acho que foi no momento em que pensei que queria conhecer o país inteiro, e na mesmo hora percebi que isso seria impossível. Então pensei que conhecer as 26 capitais mais o Distrito Federal seria um jeito simbólico de conhecer o país inteiro. Chris embarcou nesta jornada comigo, não com o mesmo fervor, mas sempre com bom humor, companheirismo e entusiasmo.

Para fazer parte desta série, escolhemos as cinco capitais que são menos associadas ao turismo de maneira geral, e que visitamos juntos. São elas: Teresina (PI), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO), Macapá (AP) e Boa Vista (RR). A ordem em que elas serão incluídas é a ordem cronológica de nossas visitas a elas, que se iniciaram em 2010, quando visitamos Teresina, e foram até 2014, quando conhecemos Boa Vista.

O objetivo aqui não é mostrar que há mais motivos para visitar Rio Branco do que o Rio de Janeiro, ou Porto Velho do que Porto Alegre. Queremos apenas mostrar que estas cidades são mais do que seus estereótipos. Perceba: só se fala nelas para fazer piadas ou quando algum desastre natural lhes acomete. Queremos falar delas a sério. Mas sem perder o bom humor. Porque viajar é coisa séria que se faz sorrindo, como diz um blog por aí.

A viagem

Data: 12 e 13/04/2012

A cidade: Rio Branco (AC)

Além das duas situações citadas na introdução acima (piada e desastre natural), o Acre também é citado no resto do país em outra situação: falar de Chico Mendes. Nas nossas férias de 2012 fomos conferir ao vivo para ver se era só isso mesmo que o estado tinha a oferecer. Só a sensação de chegar ao aeroporto de Rio Branco e ver o nome da cidade escrito bem grandão já valeu a viagem. Depois de uma vida inteira convivendo com estereótipos e com a desagradável pergunta "o Acre existe?", nós podíamos finalmente constatar: o Acre existe! A esta altura do campeonato, pouco importa se ele foi comprado da Bolívia por dois milhões de libras esterlinas e a promessa de construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Hoje ele é território brasileiro, e todos os seu habitantes são nossos compatriotas, tanto quando os mineiros, gaúchos, goianos ou quem quer que seja. Né?

Nosso vôo saiu de Guarulhos, fez escala em Brasília, e pousou em Rio Branco no meio da tarde. De cara já descobrimos que o táxi não é tão barato, já que o percurso de 15km do aeroporto até o hotel ficou em 70 reais, para os quais o simpático taxista André fez um desconto que deixou a conta em 62 paus. Ficamos hospedados no:

Hotel João Paulo

Localizado na Avenida Ceará, uma das principais da cidade, tem nome incomum e arquitetura inusitada, mas quartos bem espaçosos, com TV de LCD e o escambau. Pena que as toalhas estavam um pouco manchadas. Café da manhã simples e diária de 147 reais para casal. Não se esqueçam que são números de 2012.



Arquitetura inusitada ou estranhona mesmo?



Mas o quarto é legalzãozinho
 

Nem bem chegamos e já saímos pra bater perna no:

Parque da Maternidade

É um parque que se integra de forma orgânica à cidade. Não existe uma portaria, nem portões, apenas um portal de entrada sempre aberto. As ruas da cidade passam pelo meio dele. Conta com muitas áreas verdes e playgrounds para as crianças.



Tá vendo como é, tem, tipo, a rua e, tipo, o parque, saca?

Ainda na áera do Parque da Maternidade está a:

Casa do Artesão

Como o nome indica, vende artesanato local. Embora seja bem pequenina, há itens interessantes, e é certamente o melhor lugar para comprar lembrancinhas de viagem em Rio Branco.



Para comprar badulaques. E o ar condicionado, diz a placa, pode entrar

Também nas dependências do Parque da Maternidade fica a:

Casa dos Povos da Floresta

A construção imita uma oca indígena, e lá dentro há representações de diversas lendas dos povos da floresta, como o Curupira, Mapinguari, entre outros, além de painéis explicativos e reproduções de artefatos indígenas. A visita é guiada e bem rápida, mas vale a pena.



Ceci, Peri e a oca indígena ao fundo



"Eô eô, Boto Rosaaaa"

De noite saímos para jantar no:

Restaurante Inácio´s

Fica dentro do Inácio Palace Hotel, razoavelmente perto de nosso hotel. Bem aconchegante, com alguma classe, mas sem ser chique. Cardápio bem variado, mas não muito inventivo. Pedimos um filhote (tipo de peixe) grelhado com juliana de legumes, arroz branco, feijão e salada. O feijão veio com coentro, pra deixar claro que estávamos na região Norte. Chris adora. Comida muito saborosa, sem frescura. Tomamos duas Skol Beats, uma água e um suco de abacaxi com hortelã e ficou tudo em 98 reais. Para acompanhar, vimos pela TV o Flamengo ser eliminado na Copa Libertadores, mesmo ganhando de 3x0 do Lanus. E claro que havia flamenguistas no restaurante, porque tem flamenguista em todo lugar do Brasil. Tadinhos.



Banquete em homenagem ao Flamengo

Depois de uma boa noite de sono, acordamos bem cedo, tomamos café e seguimos direto para o:

Museu da Borracha

Fica na mesma Avenida Ceará do nosso hotel. Através de painéis explicativos e de alguns objetos, traça um panorama do ciclo da borracha na região. Seduzidos pelo próprio governo brasileiro, milhares de nordestinos, sobretudo cearenses, vieram para o Acre para ajudar na produção de látex e contribuir para o esforço aliado durante a 2ª Guerra Mundial. Com o fim da guerra e o início da produção de látex na Malásia - com sementes roubadas do Brasil pelos britânicos - nem é preciso dizer o que aconteceu a esses trabalhadores. É nesse contexto que surgiram líderes como Chico Mendes, ele mesmo um seringueiro, para proteger os seringueiros e a floresta. O museu é simples, mas cumpre seu papel.



Chris dando uma de seringueira

Em seguida fomos caminhar no centro da cidade, começando pela bela:

Praça da Revolução

Grande e arborizada, conta com uma estátua de Plácido de Castro, grande líder da Revolução Acriana, que eventualmente acabou culminando na anexação do Acre ao Brasil.



A Chris tá lá, ó, ali ó, à esquerda, de azul, atrás da fonte seca, viu?


Bem pertinho dali está o:

Memorial dos Autonomistas
 
Dedicado àqueles que se dedicaram às lutas pela independência e reconhecimento do Acre. No fim de tudo quem acabou arquitetando diplomaticamente o processo foi o famoso Barão do Rio Branco (que hoje é nome de avenida em tudo que é lugar), que costurou o Tratado de Petrópolis, segundo o qual o Brasil compraria o Acre da Bolívia por 2 milhões de libras esterlinas, mais a promessa da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, que escoaria a produção boliviana pelo Rio Amazonas até o Oceano Atlântico.



Caçambola, o bebê da mulher tá capotado!
 

Na sequência conhecemos o:

Palácio Rio Branco

Bela construção neoclássica da década de 30 do século XX, infelizmente não estava aberta a visitas internas quando lá estivemos. Mas o prédio, todo branco, rende belas fotos do lado de fora.



Não é que rende belas fotos?
 

Ali pertinho, seguindo a Avenida Getúlia Vargas, chegamos ao:

Novo Mercado Velho

Ganhou esse estranho nome porque trata-se do prédio do antigo mercado público que foi restaurado recentemente. De fato está tudo com cara de novo (ou ao menos estava em 2012), e conta com algumas lojas de produtos locais e lanchonetes com pratos típicos. Fica à beira do Rio Acre.



Mercado Velho com cara de novo, e à direita a passarela Joaquim Macedo



O bom e velho "nananá" no Novo Mercado Velho "nananá" no Novo Mercado Velho "nananá" no Novo Mercado Velho "nananá"...
 

Pulando um pouco a cronologia, vimos em um folder de turismo algumas fotos do local à noite, e o achamos muito atraente com seus restaurantes e bares à beira-rio, e a passarela sobre o Rio Acre toda iluminada. Resolvemos aparecer por lá na "hora feliz", e não nos decepcionamos. Nos instalamos no Café do Mercado, e foi um fim de tarde delicioso, com ótimo atendimento, música ao vivo de primeira e clima de tranquilidade e segurança. Comemos uma porção de picanha com macaxeira, e finalizamos com um petit-pioca, que é o petit gateau feito com tapioca. Recomendadíssimo, não só o doce como toda a experiência.



Tudo azul e roxo à beira do Rio Acre



E tem petit-pioca pra finalizar
 

Voltando à cronologia do relato, depois de saírmos do Novo Mercado Velho atravessamos a passarela Joaquim Macedo sobre o Rio Acre e chegamos ao:

Calçadão da Gameleira

Neste calçadão ficam as construções mais antigas da cidade, com prédios bem conservados que remetem ao início da história de Rio Branco. Vale lembrar que o rio que banha a cidade, e que está às margens do calçadão, é o Rio Acre, sendo Rio Branco apenas uma homenagem ao já citado Barão de Rio Branco, diplomata carioca responsável pelo tratado que anexou o Acre ao Brasil. O calçadão tem este nome porque em sua extensão há diversas gameleiras, árvores gigantescas com aqueles cipós que mais parecem lágrimas.



A bandeira do Acre tremula na Rua da Gameleira


E você me pergunta: "tem gameleira?". Tem, sim senhor!
 

Depois de esgotarmos as atrações próximas ao centro da cidade, pegamos um ônibus para ir até o:

Parque Ambiental Chico Mendes

Bonito, em uma área com bastante mata, mas um pouco largado. Há um pequeno - pequeno mesmo! - memorial sobre o seringueiro que lhe dá nome, e também um mirante, que deveria ser um pouco mais alto para ficar acima das árvores, e não na altura da copa destas. Também há um mini, bem mini, super-mini-zoológico, que apesar de pequeno está bem cuidado e tem bons recintos para seus animais. Entre estes, destaque para a jaguatirica e o divertido macaco-bigodeiro, com um engraçado bigode branco.



O "pequeno pequeno mesmo" memorial de Chico Mendes



Um momento romântico no "mirante que no mira mucho"


Jaguatirica e o macaco de cabelo branco e camiseta laranja
 

Conclusão

Não tem jeito, quando nos lembramos de Rio Branco eu e Chris sempre pensamos no delicioso fim de tarde que passamos às margens do Rio Acre. São momentos como este que fazem as viagens valerem a pena, e nem sempre eles estão relacionados com grandes atrações turísticas. E o fato é que de forma geral ficamos muito bem impressionados com a cidade. Com um centro histórico bonito e bem preservado, mesmo tendo uma história relativamente recente, e bons parques com grandes áreas verdes, Rio Branco está muito longe de ser uma piada, bem como seus habitantes. Andamos bastante a pé e não nos sentimos inseguros, mesmo à noite. Descobrimos que o Acre existe, sim, e vale a pena ser conhecido.


Acre e São Paulo juntos. O quê, não viu o são-paulino na foto?








 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

As Capitais Esquecidas - Parte I: Teresina (PI)

(Não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)

Introdução

Eu mesmo usei uma palavra, no título desta série, que talvez não seja a mais adequada. Esquecidas por quem? Certamente não por aqueles que as habitam. É como quando dizemos "porra, o Acre é longe pra cacete!". Longe? Para quem lá mora, aqui é que é longe. Distância é um conceito que sempre depende do ponto de vista. Mas talvez o título seja bom para mostrar que eu mesmo tive, um dia, esse preconceito em relação às nossas capitais de unidade federativa menos "badaladas". Para combater preconceito, seja de que tipo for, não basta dizer "eu? Imagina, eu não tenho preconceito". É melhor que sejamos sinceros, reconheçamos o problema, para aí sim podermos combatê-lo. 

Pois bem, não sei exatamente quando eu enfiei na cabeça que queria conhecer todas as capitais do Brasil. Acho que foi no momento em que pensei que queria conhecer o país inteiro, e na mesmo hora percebi que isso seria impossível. Então pensei que conhecer as 26 capitais mais o Distrito Federal seria um jeito simbólico de conhecer o país inteiro. Chris embarcou nesta jornada comigo, não com o mesmo fervor, mas sempre com bom humor, companheirismo e entusiasmo.

Para fazer parte desta série, escolhemos as cinco capitais que são menos associadas ao turismo de maneira geral, e que visitamos juntos. São elas: Teresina (PI), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO), Macapá (AP) e Boa Vista (RR). A ordem em que elas serão incluídas é a ordem cronológica de nossas visitas a elas, que se iniciaram em 2010, quando visitamos Teresina, e foram até 2014, quando conhecemos Boa Vista.

O objetivo aqui não é mostrar que há mais motivos para visitar Rio Branco do que o Rio de Janeiro, ou Porto Velho do que Porto Alegre. Queremos apenas mostrar que estas cidades são mais do que seus estereótipos. Perceba: só se fala nelas para fazer piadas ou quando algum desastre natural lhes acomete. Queremos falar delas a sério. Mas sem perder o bom humor. Porque viajar é coisa séria que se faz sorrindo, como diz um blog por aí.  



A viagem

Data: 09/03/2010
A cidade: Teresina (PI)

Já faz quase seis anos que fomos a Teresina, e até cogitei de não colocá-la nesta série com as capitais esquecidas. Mas aí Chris me deu um argumento contra o qual não pude brigar: "poxa, Teresina vai ficar de fora até das capitais esquecidas?". De fato, Teresina quase nunca é lembrada quando o assunto é turismo. Para começar, é a única das capitais do Nordeste que não é banhada pelo mar. E a cidade não tem grandes atrativos turísticos, sendo utilizada mais para turismo de negócios. Inclusive vimos no noticiário local, quando lá estávamos, que uma das preocupações do governo era justamente fazer com que os turistas de negócios tivessem motivos para ficar mais um ou dois dias na cidade.

O relato abaixo, portanto, não é atualizado. Trata-se de um breve panorama do que encontramos em 2010. Não sabemos como a cidade está hoje. E não temos mais detalhes vívidos de como foi nossa experências. Para ajudar a memória conto com meus diários de viagem e com as fotos. Aliás, em muitos casos vou transcrever trechos do diário.

Ficamos hospedados no:

Hotel Luxor Piauí

Está escrito em meu diário, e é fato: nós nunca havíamos ficado - e nunca ficamos desde então - em um quarto de hotel tão grande. Dava muito bem pra fazer uma festa lá dentro com uns 20 convidados. O hotel ainda existe, e acabo de ver que o número 3 no Trip Advisor entre os hotéis de Teresina. Acomodações e mobiliário muito bons também. Infelizmente não anotei o preço que pagamos à época. O hotel está bem localizado, no centro de Teresina, em frente à Praça da Bandeira. Uma curiosidade: não tomamos café da manhã no hotel. Chegamos de Fortaleza às oito, e não pudemos tomar o café porque nossa diária só se iniciaria ao meio dia. E fomos embora na madrugada do dia seguinte, antes de o café ser servido.


Cabem 20 ou não?

E ainda tem a cama

Saímos caminhando do hotel, e nossa primeira parada, bem pertinho, foi no:

Museu do Piauí
 

Segue transcrição do diário sobre o local: "Bem feinho por fora, e simples por dentro. Abriga também a Pinacoteca do Estado, com algumas obras de artistas piauienses. A parte de museu tem bastante peças e móveis antigos, desde a época da colônia, passando pelo Estado Velho e Estado Novo. Algumas coisas interessantes, algumas louças muito bonitas, mas nada digno de grande nota."

Chris e uns móveis antigos

Fê e uns móveis antigos

A próxima atração que visitamos foi o:

Shopping da Cidade

Tá, esse nome é sem graça de tudo. Melhor usar o apelido, justíssimo, que a população lhe deu: Shopping dos Camelôs. É isso mesmo. Um centro de compras com vários andares, nos moldes dos shoppings centers, com a diferença de que vende apenas, digamos assim, "réplicas". Aqueles produtos "made in" qualquer coisa. Sensacional.

Há no diário uma passagem interessante que se deu entre a Chris e a moça que trabalhava em uma lanchonete dentro do shopping. Chris viu um salgadinho meio diferente e perguntou "o que é?", ao que a moça respondeu "é bomba". Chris ainda intrigada perguntou "e o que é bomba?", apenas para ouvir em resposta "é...bomba". Acabei comendo a bomba, que é um salgado redondinho, com massa igual à de sonho, mas com recheio salgado.



Chris muito chique no Shopping dos Camelôs


Isso aqui? É bomba...

Depois conhecemos rapidamente a:

Igreja de Nossa Senhora do Amparo

Esta era tão próxima do hotel que dava para ver uma de suas torres da janela do quarto. Foi inaugurada em 1852, apenas 131 dias após a própria fundação da cidade. Mas suas grandes torres só foram feitas já em meados do século XX.



A igreja e a Chris ali no cantinho à direita


Viu como dava pra ver do quarto?

Todas estas andanças foram feitas ao redor da:

Praça da Bandeira

Bastante grande, movimentada e arborizada, traz um pouco de tranquilidade ao caos do centro da cidade. E suas sombras servem para amenizar um pouco o calor inclemente que caracteriza Teresina. Em seu interior há diversos bustos, monumentos e estátuas. Como eu escrevi no diário, "não é de todo feia."



Fê toma uma água de coco ao lado daquela que não é de todo feia

Na sequência visitamos a:

Central de Artesanato

Um pouco mais afastada da região do hotel, fica nos arredores da Praça D. Pedro II, que também conta com o Theatro 4 de Setembro. É bem bacana, com 28 lojas e ateliês de artistas locais, com boa variedade de produtos. O forte do local são as peças de cerâmica e artesanato em madeira, que na época que fomos tinham preços baixíssimos. Mas há também aquelas lembranças básicas de viagens, como imãs, camisetas, licores, etc. No grande pátio central há lanchonete e algumas obra de arte.



Chris, as esculturas, e as lojas atrás

Em seguida pegamos uma táxi e fomos até o:

Parque Zoobotânico

Não constava no Guia 4Rodas e em nenhum outro material que havíamos lido previamente sobre Teresina. Só ficamos sabendo de sua existência na própria cidade. O motivo ficou bastante óbvio, uma vez que o parque estava "completamente largado e mal-cuidado", como escrevi no diário. Eu adoro zoológicos, conheço quase todos os melhores do Brasil, e por isso mesmo me entristece muito ver um em péssimo estado como este. E o pior é que o local tem potencial, é vasto e rico em vegetação. Não há indícios de que as coisas tenham melhorado. Eis o comentário da usuária BetaDuda, o último registrado no TripAdvisor: "O Parque é muito grande e parecia estar em obras, mas não tinha aviso ou quaisquer pessoas para dar informações. Os animais estavam c/ aparência de tristeza e maus tratos. Não vi nenhum funcionário ao longo do trajeto, apenas na portaria." Uma pena. E ainda gastamos 45 reais de táxi, ida e volta. Nos valores de hoje certamente deve equivaler a uns bons 70 pilas.



Como se vê, o lugar é bonito


Tem leão num recinto até bacana


Mas deu dó do urso neste cubículo

À noite, saímos para jantar no:

Restaurante Longá

O objetivo era comer o prato ícone da cidade, o capote. Não é o Truman, e sim a galinha d´Angola, que pouquíssimo comemos aqui no Sudeste. Comemos a versão frita, ladeada por arroz Maria Isabel e salada. A galinha vem em pedaços, e em crosta de farofa. Esta farofa era um pouco apimentada, de modo que não deu pra perceber muito bem as sutilezas do sabor da galinha que diz "tô fraco" em comparação com a nossa galinha diária. O arroz Maria Isabel é bem típico do Piauí - e do Nordeste de maneira geral - e se consiste no arroz misturado com carne de sol. O restaurante nem consta no mais recente Guia 4Rodas, e uma pesquisa na internet não permite saber se ele ainda existe de fato. 



Prontos pro capote


E a farofa tapou toda a galinha


Conclusão
 

Em 2010 não havia muito o que fazer na cidade. Tanto que ficamos apenas um dia, e ainda assim foi difícil preenchê-lo com atrações. Nos lembramos vividamente do calor absurdo, mas também temos lembranças boas, como da Central de Artesanato - onde compramos cerâmicas que temos até hoje. Não sabemos como está a cidade em 2016. Em uma breve pesquisa, percebo que não mudou muita coisa. A cidade poderia se beneficiar de uma boa área de lazer às margens do Rio Parnaíba, com bares, restaurantes e outras atrações. É uma judiação uma cidade banhada por um rio não se utilizar dele como atração turística. Aliás, São Paulo é outro exemplo disso, com o Tietê destruído por séculos de degradação, e sem nenhum aproveitamento turístico. O Estado do Piauí tem grandes atrações que ainda queremos conhecer, como a Serra da Capivara, o Parque Nacional de Sete Cidades e o Delta do Parnaíba. Torcemos para que futuramente sua capital esteja turisticamente à altura destas atrações famosas mundialmente.


Se tiver uns barzinhos à beira-rio o Fê para de fazer careta