terça-feira, 28 de abril de 2015

Petrópolis, para imperadores e plebeus

(Não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)

O pórtico de entrada da cidade
 A viagem

Data: De 27/02 a 04/03/2015
Cidade: Petrópolis (RJ)

Cidades serranas sempre lembram casais ao lado de lareiras, fondues e clima de romance. Bem, tudo isso é possível em Petrópolis, na serra fluminense, mas a cidade é muita mais do que um destino para casais apaixonados. Ela é voltada principalmente para quem quer mergulhar um pouco na história do Brasil imperial.

Como muitos devem saber, a região foi o destino de veraneio da família imperial brasileira durante o segundo reinado, quando D. Pedro II, Dona Teresa Cristina, a Princesa Isabel e o restante da família subiam a serra para fugir do calor carioca. Isso aconteceu por muitos e muitos anos, e em alguns deles a realeza chegou a ficar por até quatro meses seguidos no local. Claro que todo esse tempo ali deixou um "rastro real" na cidade, com muitas construções históricas, museus, igrejas e edificações que remetem à época do império.

Eu e Chris passamos cinco dias por ali durante nossa férias. Ela já havia estado na cidade alguns anos atrás. Pra mim foi a primeira vez. Como de praxe, estão abaixo todas as atrações que visitamos na cidade, separadas por temas, e com muitas fotos. E olha que, mesmo com cinco dias cheios, algumas coisas ainda ficaram pra trás.

Construções históricas

Palácio de Cristal

Talvez você não se lembre de ouvir falar em Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, meu xará, mas certamente se recorda de Conde D´Eu, marido da Princesa Isabel, e nome pelo qual ficou mais conhecido. Pois foi ele que encomendou este palácio para sua esposa, todo feito na França e trazido para o Brasil desmontado. Como se pode ver pela foto abaixo, não se trata de um palácio para moradia. Sua principal função era abrigar exposições de produtos agrícolas e de animais. Na visita, vale dar uma passeada pelos belos jardins para pegar ângulos diferentes da construção, que é mais interessante por fora do que por dentro. A visitação é gratuita.

Conde D´Eu e Princesa Isabel

Palácio Rio Negro

A bela construção, toda em amarelo e branco, pertenceu ao Barão do Rio Negro, e foi adquirida pelo governo federal em 1903, quando passou a receber os presidentes da República durante suas férias, aproveitando-se da proximidade com a então capital federal, Rio de Janeiro. Por ali passaram muitos presidentes até 1960, quando a mudança da capital para Brasília interrompeu a tradição, que só foi retomada por Fernando Henrique Cardoso, em 1996. Depois dele, os presidentes seguintes, Lula e Dilma Rousseff, também se hospedaram no palácio em algum momento.

A visita é rápida, já que a construção não é tão grande. Há móveis antigos bem preservados, quadros de todos os presidentes que por lá passaram, e o quarto em que Juscelino Kubitschek costumava ficar, que se mantém inclusive com os móveis originais da época. A visitação é gratuita.

Chris entrando no palácio amarelo e branco do Rio Negro

Palácio Itaboraí

Foi sede da primeira faculdade de direito de Petrópolis, além de residência de verão dos governadores do Estado, entre outras coisas. Hoje pertence à Fundação Oswaldo Cruz, e não tem visitação interna, a menos que haja alguma exposição. Não havia nenhuma quando visitamos, de modo que só conhecemos os jardins, com dezenas de plantas medicinais, cada uma com uma plaquinha explicativa sobre seu uso dentro da medicina. A visitação é gratuita.

A visita é meia-boca, mas o crachá pode ser levado pra casa

Casa da Ipiranga

Ficava bem pertinho de nossa pousada, e talvez por isso tenhamos relaxado, e acabamos não conhecendo-a por dentro, já que a visitação só ocorre aos finais de semana. Apesar disso, vale a pena conhecê-la mesmo que só por fora, já que a construção também é conhecida como Casa dos Sete Erros, por conta das assimetrias em sua fachada.

Tá com saco? Procure os sete erros ali atrás

Palácio Quitandinha

Ao contrário das outras construções aqui citadas, esta não remete aos tempos do Império, e sim à gloriosa década de 40, quando abrigou o maior hotel-cassino da América Latina. Por aqui passaram muitas estrelas de cinema de Hollywood, que chegavam a passar alguns meses nas dependências do hotel, cuja decoração foi assinada por Dorothy Draper, famosa justamente por fazer cenários de filmes americanos. Bem em frente ao palácio, um lago com o formato aproximado da bandeira do Brasil, também se destaca.


O belíssimo palácio, em uma selfie muito bem tirada

Chris em um dos belos corredores do palácio

Há opção de se fazer a visita livre ou com audioguia. Esta última custa dez reais, mas vale muito a pena. O visitante recebe um pequeno aparelho com fones de ouvido e um pequeno teclado, onde ele deve digitar o número correspondente à sala ou cômodo em que está, para ouvir explicações sobre o mesmo. Eu e Chris digitávamos o número ao mesmo tempo, ouvíamos tudo, e depois conversávamos a respeito do que ouvíamos. O sistema funciona perfeitamente, e as informações ajudam muito a tentar entender o glamour que imperava por ali.

Ficamos impressionados com o salão de festas, gigantesco, e com a cozinha que funcionava bem ao lado, quase do mesmo tamanho do salão. Não sem razão: chegavam a ser servidas 10 mil refeições em um só dia. Outro lugar impressionante é a imensa piscina aquecida, em formato de piano de cauda e com 5 metros (!!!) de profundidade em sua parte mais funda. Ao lado da piscina funcionava um bar, e nas paredes as luzez tinham formato de escotilhas de navio, e ainda estão presentes. Dá pra ficar um bom tempo ali apenas imaginando o que eram as festas naquele lugar impressionante, com Henry Fonda e Lana Turner eventualmente se esbarrando nos corredores.

Olha aí o salão


Olha aí o cozinhão

Olha aí o piscinão

A efemeridade de todo este glamour também impressiona. O hotel-cassino só funcionou por dois anos, já que em 1946 o presidente Dutra (também conhecido como BR-116) proibiu o jogo no Brasil, encerrando um período de ouro e iniciando sua decadência, que culminaria com o fechamento do hotel em 1962, quando se transformou em um condomínio. Em 2007 o SESC passou a administrar o prédio, com exceção das áreas particulares, proporcionando assim aquela que eu e Chris elegemos como a melhor atração de Petrópolis.

Museus

Casa de Santos Dumont

Como seria a casa de um dos maiores inventores do mundo? Uma mansão, certamente? Na verdade nem perto disso. A casa de verão de Santos Dumont era pequena e genial, como seu dono. Extremamente funcional, a residência, que ficou conhecida como "Encantada", encanta mesmo é pela simplicidade.

Fê e a "Encantada"

Uma das maiores curiosidades é sua escada, ainda do lado de fora, que começa com um degrau apenas para o pé direito, depois outro para o pé esquerdo, e assim por diante (dá pra vê-la um pouco acima de mim na foto acima). Assim, não há risco de se bater o tornozelo enquanto sobe. E, claro, não há risco de se começar a subir com o pé esquerdo. Seria o gênio supersticioso? Dentro da casa há alguns objetos de uso pessoal de Dumont, com seu inseparável chapéu Panamá. Antes do início da visita somos convidados a assistir a um vídeo de 12 minutos, em que um ator interpretando o inventor apresenta um pouco de sua história, e também da história da "Encantada". Há também uma boa loja de souvenires, com pequenas miniaturas, camisetas e imãs de geladeira. A entrada custa 5 reais.

Pequerrucha e funcional


Museu de Cera

Nenhum de nós dois nunca tinha visitado um Museu de Cera com imagens hiper-realistas. Este de Petrópolis se diz o primeiro do Brasil com essa proposta. Há cerca de 20 estátuas de cera, de personalidades diversas, seja das artes, da política e até das ciências, como Santos Dumont e Einstein. Fato é que algumas das representações impressionam pela semelhança (caso do Jack Sparrow) e outras não se parecem nadinha com o representado (como Rowan Atkinson, o Mr. Bean). Claro que não poderia faltar a família imperial, representada por D. Pedro II, Dona Teresa Cristina e a Princesa Isabel. Todos os personagens estão inseridos em cenários característicos de suas vidas, como a bem feita representação de Hitchcock no banheiro, filmando a clássica cena de Psicose.

D. Pedro II, Princesa Isabel e Princesa Chris

Chris piriguetando com Jack Sparrow

É uma das atrações mais caras da cidade, com ingressos de inteira a 28 reais, com a segunda inteira saindo por 20 reais, numa promoção bem "mandrake". Mas pra nós valeu a pena, já que nunca tínhamos estado em um museu desse tipo. O preço acima das outras atrações da cidade provavelmente se deve ao fato de ser uma atração particular, que não deve receber tantos incentivos do governo. Mas isso é apenas um chute de minha parte.

Cervejaria Bohemia

Embora cause estranheza esta atração estar listada como museu, esta definição é a que mais se aproxima do caráter do passeio. Não se trata de uma visita às fábricas produtoras de cerveja, e sim de uma viagem ao universo da bebida, com explicações detalhadas sobre suas origens, além de acesso à maquinário utilizado para fabricação, explicação sobre as etapas de produção, etc. Há também duas degustações, uma de chopp, que não é vendido em nenhum lugar e só pode ser provado ali, e uma de algum dos quatro tipos de cerveja da marca, que também podem ser encontrados nos bares e mercados do Brasil.

A melhor parte do tour

O tour é todo guiado, e dura cerca de 1h30. Mas existe um grande problema: umas quarenta pessoas fazem a visita ao mesmo tempo. Os corredores não são tão largos, e em grande parte dos espaços as pessoas se amontoam para poder ver os objetos, telas e demonstrações. Fica bem desagradável. Uma pena, porque é tudo muito bem feito, dá pra perceber o esmero com que as salas foram organizadas e preparadas para receber os visitantes. Mas como se trata de uma visita com tempo determinado, ela acaba ficando incompleta devido à quantidade de pessoas. Quando uma pequena multidão sai da frente daquele painel que você queria ler, já é hora de pular pra outra sala. Talvez com umas quinze pessoas, no máximo, a visita fosse mais proveitosa. Ao final do passeio há uma sala com algumas brincadeiras interativas, onde há a possibilidade de se personalizar um rótulo, que pode ser comprado no bar anexo, por R$19. E é long neck, viu? O passeio todo custa R$24 por pessoa.

"Bate logo que a manada tá chegando!"


Casa do colono

Como o nome indica, trata-se de uma casa preparada para se parecer com as casas dos primeiros colonos que se estabeleceram em Petrópolis. Quando D. Pedro II decidiu fazer daquela região uma cidade, precisava do material mais importante para isso: pessoas. E elas vieram em grande parte da Europa, mais precisamente da Alemanha, e trouxeram seus costumes e modo de vida para a cidade que nascia. Como exemplo curioso podemos citar o quarto da filha, sem janelas e com acesso somente através do quartos dos pais, para que eles tivessem certeza de que ela não sairia sem que eles soubessem.Tolinhos.

A casa guarda objetos e fotos dos colonos, mas não teria muita graça se não tivesse um guia tão apaixonado e conhecedor do assunto. Sem seguir muitos protocolos, e sem parecer ter decorado o que falava, ele nos levou por todos os aposentos da residência, dando detalhes da vida dos colonos e sobre a cidade durante os tempos de Império. Em alguns momentos ele até falou que alguns objetos não deveriam estar ali, já que não eram usados pelos colonos. Um guia rebelde e desobediente, mas com conhecimento de causa. Bem melhor do que os robozinhos que estamos acostumados a ver por aí. Ficamos tão interessados na fala dele que acabamos não tirando nenhum foto dentro da casa, apenas uma do lado de fora.

Única foto da Casa do Colono

Museu Imperial

Difícil ser a jóia da coroa em uma cidade com tantas jóias. Mas o Museu Imperial está apto a receber o epíteto, que no seu caso é literal. Aqui está, por exemplo, a coroa de D. Pedro II, cravejada com mais 700 brilhantes. Também a pena de ouro e rubis que a Princesa Isabel usou para assinar a Lei Áurea. Também estão as impressionantes vestes majestáticas de D. Pedro II, cheias de detalhes em ouro e a gola feita de papa de tucano, belíssima e ecologicamente incorretíssima. Só estes três ítens já seriam suficientes para fazer do museu um dos mais preciosos do Brasil. Mas há muito mais, como quadros, móveis, bustos, objetos de uso pessoal, instrumentos musicais, utensílios de cozinha, além do próprio prédio, com tetos, chãos e paredes cheios de detalhes, tudo isto muito bem preservado. Vale lembrar que a construção era a casa de veraneio da família imperial, portanto cada cômodo está repleto de histórias de quase 150 anos atrás.

Fê ao lado de D. Pedro II, e ao fundo o museu

O museu é grande, passando por todos os aposentos do prédio, mas não há risco de deixar algo pra trás, porque há um caminho linear a seguir, demarcado por faixas de contenção. As pantufas, obrigatórias para não estragar o piso, incomodam um pouco, porque fazem os visitantes, literalmente, se arrastarem pelo museu. Não é possível entrar nas salas mobiliadas, sendo permitido apenas avistá-las dos corredores. Cada cômodo tem pequenos painéis explicativos, que bem poderiam ser mais bonitinhos e mais detalhados.

A verdade é que o espaço se valeria muito de um sistema de audioguia como o adotado no Palácio Quitandinha. O espantoso acervo mereceria um trabalho de museologia à altura. Da forma que está, ele se apóia única e exclusivamente na preciosidade de suas peças e de seu prédio. É pouco diante do potencial que carrega. De qualquer forma, é atração imperdível, e sozinho já vale a visita à Petrópolis. Ah, as fotos internas são proibidas, outra coisa que não consigo entender muito bem.

Chris e a imponente casa de veraneio da família real

Além da visitação diurna, há ainda mais duas atrações noturnas que podem ser apreciadas dentro das instalações do Museu Imperial. São elas:

Espetáculo Som & Luz - trata-se de um show que tem imagens projetadas em jatos de água, além de sombras de "pessoas" conversando nas janelas do palácio. Alternando entre essas duas técnicas de forma bem dinâmica, o espetáculo conta a história de D. Pedro II desde sua infância até o exílio depois da Proclamação da República. Tudo isto se dá em cerca de meia hora, e não fica maçante em momento algum, muito pelo contrário. Os atores que interpretam os personagens históricos são muito bons, e a produção é toda muito bem feita.

É encenado de 5ª a sábado, às 20h, e custa R$ 20 por pessoa.

As projeções em jatos de água

Sarau Imperial - Apresentado em um teatro, o show encena um sarau em que a Princesa Isabel recebe três amigas, e conta com a companhia de um pianista. As quatro ficam conversando, e de vez em quando há interações divertidas com a platéia, sempre de forma dinâmica. Uma pessoa é chamada para ler um poema, outra é instada a dizer que tipo de música gosta, e depois solicitada a cantar alguma coisa, etc. Os personagens se espantam com as "modernidades" da platéia, como a calça jeans (inclusive a da Chris) e a citação ao pop-rock. As intervenções do pianista também são boas, como quando ele diz que o tal futebol não vai se adaptar bem em um país tropical como o nosso, e que talvez se dê melhor em um país mais frio, como a Alemanha, arrancando risos da platéia com a citação ao vexame de 2014. 

Uma das convidadas da princesa é uma cantora, que canta cerca de cinco músicas, em estilo lírico, muito bem por sinal. Todos os artistas são muito bons, e improvisam muito bem em cima das participações do público.

Acontece de 6ª a sábado, às 18h30, e custa R$ 10 por pessoa.

O casal e os artistas

Igrejas e monumentos religiosos

Catedral de São Pedro de Alcântara

Embora sua construção tenha se iniciado ainda no período imperial, a mando de D. Pedro II, sua conclusão só se deu durante a República, em 1925. Seu estilo é neogótico, caracterizado pelas torres pontiagudas, um estilo que estava em voga na época de sua construção. É possível avistá-la de boa parte do centro histórico, e ela fica especialmente bonita vista da Avenida Koeller, onde ficavam as casas dos moradores mais importantes de Petrópolis, inclusive a Princesa Isabel.

A igreja ao fundo, vista da Avenida Koeller

Chris e a neogótica catedral

Por dentro e por fora a catedral impressiona por sua grandeza e beleza. Mesmo se você não for lá muito de rezar, o que é meu caso, vale a pena a visita. Pra completar, dentro da igreja está o Mausoléu Imperial, onde estão os restos mortais de boa parte da família real. Além da curiosidade mórbida, vale conferir as esculturas de cada um deles sobre suas lápides, em tamanho natural. Vale também olhar pro alto e observar o gigantesco orgão de tubos, os lindos vitrais e a magnitude do templo.

O orgão de tubos, os vitrais e a magnitude toda

Igreja Luterana

Também em estilo neogótico, parece uma mini-cópia da catedral. Embora a família real fosse católica, D. Pedro II permitiu a construção do templo evangélico na cidade, para que os colonos protestantes alemães pudessem professar sua fé. Apesar da permissão, igrejas não-católicas não podiam ostentar muito, portanto a fachada bonita só foi construída bem depois. É a igreja mais antiga da cidade, e só pode ser visitada por dentro aos domingos de manhã, no horário de culto. Eu e Chris demos uma sapeada por ali, mas depois de alguns olhares meio feios decidimos ir embora. Nada mais justo: eles estavam ali rezando, e nós só querendo espiar.

Parece com a outra, mas não é

Trono de Fátima

Trata-se de uma estátua de Nossa Senhora de Fátima encarapitada no alto de um morro, pertinho do centro histórico. Inclusive o local tem uma bela vista da cidade, embora as árvores encubram um pouco uma visão mais completa. Foi concebida por Heitor da Silva Costa, mesmo autor do projeto do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. A estátua tem 3,5 metros de altura. Embaixo do monumento há uma pequena capela em honra à Nossa Senhora de Fátima. Ao lado, uma loja de artesanato muito bacana, com peças feitas por cerca de oitenta mulheres da Congregação Mariana. Indagamos à mulher que cuidava da loja o porque daquele espaço não ser tão divulgado na cidade, e ela reclamou que é a única atração turística de Petrópolis que não recebe nenhum incentivo da prefeitura. E o fato é que em nossas pesquisas prévias sobre a cidade realmente não encontramos referência ao monumento, que certamente merece uma visitinha.

Chris e a "nossinhoradifatima"

Passeios

Centro Histórico

Quase tudo que está colocado aí acima fica no Centro Histórico. Mas ainda que não se entre em nenhum museu ou nenhuma construção histórica, o passeio vale a pena. Há uma plaquinha explicativa na frente de quase todo prédio na região, contando um pouco de sua história, mesmo que não seja tão importante ou não envolva um personagem histórico de renome.

Casa de uma tal família Sauwen

Casa de uma tal Princesa Isabel

Além disso, a cidade é repleta de verde, convidando o turista a caminhar e descobrir seus encantos. Até porque andar de carro por ali é bastante complicado, só o fizemos uma vez, porque a Chris estava com crise de hérnia de disco. O trânsito pode ser bastante irritante dependendo da hora do dia. Vale mais bater perna e descobrir belezas como a Praça da Liberdade.

Fê na Praça da Liberdade, com Catedral de São Pedro de Alcântara ao fundo

Parque Nacional da Serra dos Orgãos - Sede Petrópolis

Fica no bairro de Correas, ligeiramente afastado do Centro Histórico. Mas dá pra ir tranquilo de carro, há indicações na estrada que tornam o caminho à prova de burro, embora este aqui tenha se perdido um pouquinho. Não há grande estrutura, nem mesmo um estacionamento. Tivemos que deixar o veículo no quintal de um morador, que nos cobrou sete reais. Alguns deixam o carro na parte de baixo da estrada, e vão a pé por uma subidinha considerável.

Existem algumas opções de trilhas mais longas, mas eu e Chris fizemos a mais simples delas, chamada de Circuito das Bromélias, que pode ser feita em cerca de meia hora. Há alguns poços pra banho no caminho, mas nós paramos apenas no último deles, o Poço dos Primatas, que marca o fim do circuito. Embora estivesse nublado eu dei meu "tchibum" bem rapidinho, pra não perder a viagem.

A entrada custa R$ 14 por pessoa.

E os bambus, Silvio?

Treme, desgraçado!

Teresópolis

Embora a cidade, que é vizinha de Petrópolis, possa ser destino final de viagem, para nós ela funcionou como um passeio de bate e volta. Aliás, a serrinha que leva até lá já é uma atração em si, ao menos para quem está de passageiro, já que o motorista acaba ficando sem poder ver muita coisa, a não ser que não queira ver mais nada na vida. A viagem dura cerca de uma hora.

A cidade não tem um centrinho charmoso como o de Petrópolis, daqueles pra se parar o carro e sair batendo perna. Assim que chegamos fomos direto ao Parque Nacional da Serra dos Orgãos, que também tem uma sede na cidade. Aqui há bem mais estrutura do que na sede de Petrópolis, com estacionamento e informações mais detalhadas sobre as trilhas. Fizemos a mais curta delas, chamada Trilha Suspensa, com 1.400 metros de extensão. Como o nome indica, trata-se de uma trilha toda feita na copa das árvores, com uma ponte de madeira suspensa. Tudo muito seguro e bonito. Vale pela imersão na mata pelo alto, mas não há grandes vistas durante o trajeto. Há diversas outras trilhas no parque, com extensões e dificuldades variadas. A entrada custa R$ 14 por pessoa, mais R$ 10 para estacionar o carro.

Chris caminha suspensa entre as árvores

Nossa principal atração em Teresópolis era o restaurante Dona Irene, que serve um banquete russo à moda dos czares, e que já tínhamos previamente reservado. Mais detalhes sobre esta refeição em nosso outro blog, "Chris e Fê Vão Papar".

Comidas e comidinhas

Sobre nossas refeições em restaurantes, melhor consultar nosso outro blog, o "Chris e Fê Vão Papar", onde há textos sobre os restaurantes "Parador Valencia" e "Alcobaça". Mas além dessas refeições, fizemos várias pequenas "boquinhas" em bares e lanchonetes, que listamos a seguir.

Bordeaux

É um restaurante/bar que fica no mesmo terreno da Casa da Ipiranga, uma das construções históricas mais visitadas da cidade. Ornamentando a fachada está o primeiro relógio de torre da cidade. Como ficava quase em frente à nossa pousada, seguimos pra lá assim que chegamos, pra matar a fome e a sede. Comemos uma porção de filé à francesa (R$ 49,90) muito boa, e tomamos algumas Itaipavas (R$ 6,90 a long neck). Em outro dia voltamos ao lugar, e a Chris comeu um apfelstrudel (folhado de maçã) com sorvete de creme (R$ 21,00), também muito gostoso. No cardápio também há opções de refeições, mas não estivemos lá para almoço nem janta em nenhuma oportunidade. Como deu pra perceber, não é lá muito barato.

Fê chegando ao Bordeaux

Bar Bohemia

Fixa anexo ao tour da Cervejaria Bohemia, mas não é necessário fazer o tour para usufruir do local. Vende chopps e long necks de todas as cervejas da marca, e alguns tira-gostos. Comemos uma porção de linguiça (R$ 19,50) e tomamos uma cerveja Weiss e um chopp pilsen. O atendimento é demorado e desatento, e nos irritou um pouco. Mas a porção estava ok, e funcionou como nosso almoço.

Bonito, mas demorooooou pra chegar...

Casa do Alemão

É tradicional na cidade, e conta com três unidades, umas delas bem pertinho do pórtico de entrada de Petrópolis, e foi nesta que fizemos a visita. Estávamos com fome, e acabamos fazendo uma refeição completa. Também tomei algumas cervejas da marca Cidade Imperial, com fábrica em Petrópolis.

Começamos com os famosos croquetes de carne da casa, que não são muito bonitos, mas são uma delícia, com recheio bem cremoso. Infelizmente não anotei os preços de nada que comemos aqui.

Feios e gostosos, os croquetes

O melhor seria termos pedidos mais uns dois desses pra cada, e pronto. Mas para o "prato principal" a Chris pediu um sanduíche de salsicha Vienna, e eu um sanduíche de língua defumada. Eu nunca tinha comido língua, mas segundo a Chris não estava com o sabor característico de língua, talvez por ser defumada. Ambos os lanches estavam bem mais ou menos.

Mas a cerveja era uma delícia

O pior de tudo foi a sobremesa. Pedimos uma torta alemã e um apfelstrudel (folhado de maçã). A torta era extremamente enjoativa e o apfelstrudel foi servido frio, quando o tradicional é serví-lo quente. Mas a "frieza" seria perdoada se estivesse gostoso. A impressão foi tão ruim que neste mesmo dia fomos ao Bordeaux (citado acima), onde a Chris pediu outro apfelstrudel, que desta vez veio quente e gostoso, tirando a má impressão desta porcaria. Isso porque o lugar se chama "Casa do Alemão". Melhor seria se fosse "Casa do Croquete Alemão".

Vão rindo, vão seus bestas

Duetto´s Café

Fica dentro das dependências do Museu Imperial, mas também pode ser acessado por quem não vai ao museu. É bem charmoso, e também vende licores, artesanato e outras coisinhas que turista gosta de comprar.

Charmosão

Na hora do rango, cada um de nós pediu um lanche, e cada um comeu metade do lanche um do outro. Deu pra entender? Fomos de croque-monsieur (R$ 15,00), que é o "misto-quente francês", parecido com o nosso mas coberto com molho bechamel, e um lanche chamado Vegan Gourmet (R$ 17,90), de pão ciabatta australiana, com gorgonzola, nozes, rúcula e cebola caramelada. Ambos muito bons! 

Chris e nosos lanches, que depois foram "namoradamente" divididos

Pra completar, Chris pediu um capuccino trufado e um pedaço de bolo de laranja, que comemos juntos, embora minha harmonização tenha sido com cerveja e não café.

Felizona com um montão de café

Compras

Não tivemos facilidade em encontrar aquelas lojas típicas de turistas, com imãs de geladeira, camisetas, etc. Vimos em alguns fôlderes que há feiras de artesanato em determinados dias na cidade, mas não tivemos oportunidade de conhecer nenhuma delas.

Dentre as poucas lojas, a única que encontramos que não está dentro de um museu fica na rua à direita da Catedral de São Pedro de Alcântara, escondidinha numa portinha sem chamar atenção. Ali há licores, imãs e outros ítens.

Entre as lojas dentro de museus, a da Casa de Santos Dumont oferece alguns artigos diferenciados, que só podem ser encontrados ali, como as pequenas miniaturas do inventor, que eu e Chris compramos. Esta só pode ser acessada por quem paga o ingresso do museu.

A loja dentro do Museu Imperial tem a vantagem de poder ser acessada a qualquer tempo, sem necessidade de se visitar o mesmo. Esta tem um monte de coisas que me deram água na boca, como as taças de cristal com a insígnia da família imperial, bem caras. Mas há objetos mais acessíveis, como miniaturas da coroa de D. Pedro II, imãs e camisetas.

Também visitamos a famosa Feirinha de Itaipava, que não é exatamente voltada a turistas, e conta com dezenas de boxes vendendo roupas a bons preços, além de bijuterias, quadros, etc. É frequentada pelos locais, e pode ser proveitosa pra quem está com paciência de garimpar peças baratas.


Claro que Petrópolis conta com muitas outras opções de compras, como a famosa Rua Teresa, cheia de lojas de fábrica, mas citamos aqui apenas aquelas que conhecemos.

A pousada

Em verdade não é bem uma pousada. Chama-se Fred Cama & Café, e o nome é auto-explicativo. Um lugar pra dormir e tomar um café pela manhã. Nada mais do que isso. Até rola uma piscina, mas o clima de Petrópolis não é muito convidativo. As instalações são simples, com móveis antigos, paredes meio detonadas, roupas de cama que não combinam umas com as outras, TV pequenina e sem frigobar. Mas a cama é confortável, o chuveiro é quentinho, e a localização é excelente. 

O texto diz que o chuveiro é quentinho, mas não diz que a tolha não é cafona

É o que se apresenta

 A diária custa R$ 169,00, e no Centro Histórico é certamente o melhor preço possível. Dona Elza, que cuida da pousada, é simpática e atenciosa, cuidando de tudo de maneira informal, mas carinhosa. Como o trânsito de Petrópolis é bastante irritante em certos horários, a pousada é perfeita pra se sair caminhando a pé, sem se preocupar com isso. Foi o que fizemos na maioria dos dias. O Museu Imperial, principal atração da cidade, fica a pouco mais de cinco minutos de caminhada.

Pedacinho mais bonitinho da pousada

Conclusão 

A conclusão é que o Brasil nunca deveria ter proclamado a República. Calma, isso talvez seja um exagero, mas o fato é que é difícil sair de Petrópolis sem estar um pouquinho encantado com a família real, especialmente com D. Pedro II e com a Princesa Isabel. Talvez a monarquia seja um sistema ultrapassado, mas aprendendo sobre nossa história pensamos que talvez a transição para a república poderia ter sido um pouco menos brusca, e não através de um golpe militar. D. Pedro II amava de fato o Brasil, e isto é coisa que poucos podem negar.

A cidade que ele pensou e ajudou a construir é hoje uma das mais seguras do país. Caminha-se a qualquer hora do dia ou da noite com tranquilidade. Seu clima ameno favorece a visita mesmo no verão. Aliás, a cidade foi criada justamente por conta desta característica. Há muito verde por todos os lados, praças bonitas, excelentes passeios de curta distância para serem feitos de carro, além de todos os atrativos descritos aí acima.

Como eu disse no começo do texto, é uma cidade serrana em que os solteiros não vão se sentir como peixes fora d´água, como acontece em Campos do Jordão, Gramado e outros destinos quetais. Se há espaço pra romance? Bem, pra isso basta estar com a pessoa certa, e aí pode ser em Cabaceiras, na Paraíba, em Mateiros, no Tocantins ou em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Mas seja qual for seu estado civil, Petrópolis está te esperando. E não é preciso ser barão ou marquês pra se sentir íntimo do imperador por ali.


Coisa pra fazer não vai faltar












quarta-feira, 1 de abril de 2015

Florianópolis, segura e bela

(não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)

Braços abertos sobre a Guan...ops, sobre a Praia do Santinho

A viagem

Data: 22 a 27/02/2015
Cidade: Florianópolis (SC)

Eu e Chris já tínhamos visitado a cidade anteriormente. Mas havia dois bons motivos para voltar: o primeiro é que já fazia muito tempo desde nossas visitas. E o segundo, e mais importante, é que não tínhamos ido juntos.

Ficamos hospedados na Barra da Lagoa, bairro bem próximo à famosa Lagoa da Conceição, e às praias Mole e da Joaquina. Mas independentemente de onde for a hospedagem, é quase imprescindível estar de carro em Floripa, ao menos se você quiser conhecer suas principais praias e atrações sem precisar pegar carona (prática comum por aqui), ou depender das linhas de ônibus da cidade. Táxis não são muito abundantes, e as linhas de ônibus, segundo as informações que tomamos dos locais, não são muito práticas para conhecer toda a cidade.


As Praias

Florianópolis é uma ilha, cercada de praias por todos os lados. Algumas voltadas pro oceano, outras voltadas pro continente. Claro que com apenas quatro dias não conseguimos visitar todas, mas tentamos fazer um bom panorama do que existe naquela que é conhecida como Ilha da Magia. Mas esqueça os chavões e mergulhe no mar. E é mar que não acaba mais. A ilha é grande, e algumas de suas praias são bem desertas. Outras são empanturradas de gente. Em algumas não se tem nada pra comer, em outras há madames tomando champagne. Tem pra todos os gostos. Eu e Chris? Bem, nós somos de todos os gostos...

Praia do Forte

Chegamos a esta praia por volta das 9 da manhã, de café da manhã recém-tomado, portanto acabamos não nos sentando em nenhum quiosque, e sim na areia mesmo. Ficamos ali um tempinho, apreciando seu mar calminho, com alguns poucos quiosques e clima tranquilo.


Chris e a tranquilidade da Praia do Forte


Nosso maior objetivo aqui era visitar a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, alcançada após uma curta subida de escada no canto direito da praia. A fortaleza, que tem três níveis, foi construída no século XVIII, e era usada para proteção da ilha. Guarda algumas construções intactas, outras em ruínas, e tem um pequeno museu com pedaços de cerâmica, pratos e outros objetos encontrados nas ruínas. A vista é belíssima. A entrada custa R$ 8,00.


Aquele pontinho azul é o Fê, visto do nível mais alto da fortaleza


Praia de Jurerê

Embora tecnicamente seja apenas uma praia, aqui há uma divisão baseada nas características dos visitantes. No lado esquerdo ela é conhecida como Jurerê Internacional, e abriga alguns beach clubs e mansões, sendo frequentada pela "galera do agito". No lado direito ela é mais frequentada por famílias e casais. Foi onde ficamos, não sem antes dar uma boa sapeada nas mansões, que ficam tanto na orla quanto nas ruas próximas.


É minha! É minha e ninguém tasca!


Não é uma praia linda. Mas tem sua beleza. O que a Chris mais gostou foi de suas águas mornas e calmas, coisa que não é comum em Floripa, que em geral tem águas bem geladas. Há algumas barracas de praia, mas sem grandes atrativos, apenas bebidas e pastel ou lanche, sem opção de porções. Alugamos duas cadeiras e um guarda-sol, por R$ 10,00 cada item, ou seja, já saímos com R$ 30,00 negativos! A cerveja em lata custa R$ 5,00 e a água de coco R$ 6,00. O mais curioso foi ver, pertinho da gente, duas madames com suas taças de espumante, trazido em um isopor. Farofa chique, bem!


Tacinha de espumante com a madame...

...copo de plástico de chopp com o "madamo"


Praia do Santinho

Esta praia com larga faixa de areia abriga o resort Costão do Santinho, hotel mais famoso (e caro) de Florianópolis. Nos sentamos em um quiosque, e aí sim conseguimos comer uma bela porção de camarão ao alho e óleo (R$ 43,00).

Todo mundo tem direito a um camarão legal

Do lado direito da praia sai uma trilha que leva até a praia de Moçambique. Não fizemos a trilha completa, apenas o comecinho dela, que passa por algumas inscrições rupestres e tem uma bela vista para a praia.

Ao fundo o resort, junto de onde sai a trilha

Praia da Joaquina

Certamente uma das praias mais famosas da ilha, daquelas que mesmo quem nunca visitou a cidade já ouviu falar. É ponto de encontro de surfistas, e já foi palco de inúmeras etapas de campeonatos importantes de surfe.
Sua estrutura está toda baseada no canto esquerdo, com alguns restaurantes e lojinhas de artesanato, além de hotéis. Também há algumas pedras com boa vista para a praia, além de bastante sombra.  À direita ela vai ficando cada vez mais deserta, e a paisagem é dominada pelas dunas.
Ficamos por ali cerca de 40 minutos, nas primeiras horas da manhã, quando não havia quase ninguém, apenas alguns surfistas fazendo suas manobras.


Chris toma os primeiros raios de sol da manhã, enquanto os surfistas dão sua brincada

Lagoinha do Leste

Considerada a praia mais bonita da ilha. E foi esse título que nos fez ir até lá, já que o tempo não estava nada bom. Mas era nosso último dia de passeio, então resolvemos ir assim mesmo. Em verdade eu resolvi, já que pela Chris nós teríamos deixado pra lá. Talvez ela estivesse certa. Não que a praia seja feia, longe disso. Mas é claro que sem a presença do sol ela empalidece bastante. Sendo assim nossa imagem do lugar vai ficar prejudicada. Uma pena.

Chris oberva nossa empalidecida chegada

Existem duas trilhas a pé que levam até lá, uma saindo da Praia de Matadeiro e outra saindo da Praia de Pântano do Sul. Nós fizemos o percurso de barco (R$ 40,00 pra cada, ida e volta), partindo de Pântano do Sul, que dura cerca de meia hora. Uma vez lá, saímos andando pra dar uma explorada na praia, que não é muito grande. Cercada de verde, tem um pequeno riacho que chega até pertinho do mar, com águas bem morninhas. É este riacho, que de tão calmo parece uma lagoa, que dá nome à praia. Não há estrutura, apenas isopores que os próprios barqueiros levam, com bebidas à venda.


Chris, a suposta lagoinha e ao fundo o mar


Praia da Barra da Lagoa

Era a praia mais próxima da pousada em que estávamos, e no entanto só fomos até ela na manhã do último dia. Já tínhamos tentado ficar um tempo ali em outros dias, mas é sempre muito difícil de estacionar, há poucos lugares, já que só o canto direito da praia tem estrutura.
Eram 7 e pouco da manhã quando lá estivemos, portanto não tinha nada aberto. Como o nome indica, há um bracinho de lagoa que chega até ali em um pequeno canal. Em cada lado deste canal há um pequeno farol, dando certo charme ao lugar. 



Do canal, Chris observa a Praia de  Barra da Lagoa

Passeios

Projeto Tamar

Fica na Praia de Barra da Lagoa. Não é muito grande, mas tem uma boa estrutura, com grandes tanques que contam com algumas das espécies de tartarugas marinhas encontradas na costa brasileira. Pra quem já visitou a sede do Tamar na Praia do Forte, na Bahia, este aqui não tem muita novidade. Mas vale uma visita pra quem não conhece o Tamar, ou pra quem gosta mesmo de animais. Custa R$ 10,00.

Vale a pena pagar pra ver esta tartaruga?


Ilha do Campeche

Eu e Chris já podemos dizer que fomos pra Argentina, mesmo sem nunca ter pisado em território hermano. Explica-se: no dia em que fizemos este passeio, a Ilha do Campeche estava infestada (com o perdão da palavra) de argentinos, e portanto era como se nós fôssemos os estrangeiros.
 
Chris observa incrédula a fila de argentinos
 
Fizemos o passeio de barco a partir da Praia da Armação (R$ 60,00 por pessoa, ida e volta). Alcança-se a ilha depois de cerca de 40 minutos de barco. Tudo é muito organizado. Ao descermos já fomos recepcionados por um membro da associação que cuida da preservação da ilha, e como éramos os únicos do barco a falar português, recebemos as instruções sozinhos. Ele nos disse que havia algumas atividades na ilha (todas pagas à parte), como trilhas e mergulho de snorkel, falou dos dois restaurantes existentes e também sobre os cuidados com a preservação.
A ilha é muito bonita, isto é inegável. O problema é que havia muitos argentinos. E o problema não era que fossem argentinos, mas que fossem muitos. Claro que o clima idílico ficou um pouco prejudicado. O tempo se manteve o tempo todo nublado, com algumas breves aparições do sol.  


A ilha infestada, sem xenofobismo
 
Fizemos a Trilha do Letreiro (R$ 10,00 por pessoa),  que leva ao outro lado da ilha, onde há algumas inscrições rupestres dos primeiros habitantes da região. Embora atravesse a ilha, a trilha é curta, e passa por um pequeno trecho de mata, até chegar aos rochões do outro lado.

Chris e a pintura rupestre ao final da trilha

Projeto Lontra

Não tínhamos lido sobre esta atração em nenhuma de nossas pesquisas sobre a viagem, mas encontramos um folder sobre o local, e resolvemos ir lá dar uma olhada, em um finzinho de tarde em que já não havia muito o que fazer.
A verdade é que não vale a pena a visita. Custa R$ 10,00, e inclui um pequeno vídeo falando sobre o projeto, que tem sede no pantanal, depois uma curta visita aos recintos dos animais, onde dá pra ver as lontras através de um vidro. Muito pouco. 


Juro que tem uma lontra ali de pé no tronco
 
Lagoa da Conceição

Um dos points mais famosos da ilha. Em verdade a lagoa é bem grande, e o pedaço mais urbanizado de sua margem é que concentra uma grande quantidade de restaurantes e bares. Há também pista de cooper e aluguel de stand-up paddle.
Eu e Chris não batemos muita perna ali, mas passamos de carro inúmeras vezes, já que de onde estávamos hospedados tinha que se passar pela lagoa para ir a todo lugar. Está sempre movimentada, com moradores e turistas, e é lugar de badalação à noite.
Há um belo mirante no caminho entre o centro e a lagoa, de onde se tem uma vista privilegiada de boa parte dela, e das praias Mole e da Joaquina ao fundo.

 
Chris e a vista que, convenhamos, é deslumbrante


Costa da Lagoa

[Conforme escrito acima, a Lagoa da Conceição é bem grande. Na parte onde ela é menos urbanizada não há estrada para carros, e a tranquilidade impera. Este trecho é conhecido como Costa da Lagoa. Para se chegar até lá dá pra usar os barcos que partem do centrinho da Lagoa da Conceição ou do Terminal Lacustre, que fica no Km 4 da SC-406. Há também a opção de usar a trilha a pé de cerca de duas horas que parte também do centrinho da Lagoa. Nós utilizamos o Terminal Lacustre  (R$ 10,00 por pessoa, ida e volta).
Uma vez lá, a atração são os diversos restaurantes com deques sobre o mar, além da própria trilha, que conta com uma pequena cachoeira bem pertinho de onde paramos. Há também algumas lojinhas de artesanato, além de casas de moradores, muitas delas ainda guardando o estilo açoriano, dos primeiros habitantes da ilha. Mas hoje a comunidade também é moradia de quem procura sossego.
  

Chris em um pedacinho da charmosa trilha

Depois de irmos à cachoeira, sentamos no restaurante Cachoeira, e comemos uma porção de anchova frita (R$ 26,00, deliciosa e espinhenta), junto com cerveja Original bem gelada (R$ 10,00). Quando deu vontade de ir embora, pedimos ao garçom pra chamar um barco pra gente, que chegou depois de uns 15 minutos, pra nos levar de volta ao Terminal Lacustre, em cujo estacionamento havíamos deixado nosso carro. Para isso, claro, tivemos que apresentar o tíquete que nos foi dado quando da viagem de ida. Muito chique, não?
 
Nossa anchova, nossa cerveja, na Costa da Lagoa


Bairro Santo Antônio de Lisboa

Infelizmente ficamos menos do que gostaríamos neste charmoso bairro, que fica próximo ao centro de Floripa. Trata-se de um dos primeiros núcleos de ocupação da ilha, e tem muitos restaurantes com deques à beira-mar, além de uma igrejinha barroca do século XVIII e muitas lojinhas de artesanato, inclusive com venda de rendas de bilro, típica da região. Tanto charme talvez sirva pra compensar o fato de que a água do mar não é própria para banho. Ainda assim, vale muito a pena bater perna por ali, e se sentar em um dos restaurantes, coisa que acabamos não conseguindo fazer.

Fê e um pedacinho do charmoso bairro


Centro Histórico

Rende ao menos uma manhã ou uma tarde passeio. Além do Museu Histórico de Santa Catarina e Museu Victor Meirelles, mais detalhados adiante, ainda há alguns bons pontos de visita na região.
Vale começar o passeio pela Praça XV de Novembro, onde está a impressionante fiqueira centenária, com seus galhos que tem que ser escorados por pequenas colunas para não caírem.  
 

O casal e a figueira centenária

A Catedral Metropolitana fica bem ali, e vale a pena dar uma entrada na igreja, nem que seja só pra apreciar a belíssima escultura representando a fuga para o Egito, com Maria e o menino Jesus em cima de um burro, e José guiando a família. Coisa fina.

   
Qual dos dois é mais imponente?

 Dali fica fácil ir até o Mercado Público, que tem algumas lojas de artesanato, além de bares e restaurantes. No período em que lá estivemos o mercado estava em reforma, e alguns de seus boxes mais famosos estavam fechados. Mas mesmo assim vale a visita.

  
Mercado em reforma, e Fê vendo um mapa

 Ao lado está a antiga Casa da Alfândega, que hoje é uma imensa loja de artesanato, onde dá pra comprar todas aquelas lembrancinhas que turistas adoram. Há desde coisas baratinhas, como imãs de geladeira, até peças mais rebuscadas, que passam da casa dos três dígitos, como este São Francisco aí abaixo.
 
Muita coisa pra comprar!

Se a preguiça não for muita, caminhe até a ponte Hercílio Luz, um dos cartões postais de Florianópolis, que hoje não é mais usada para travessias, e serve apenas como ponto turístico. Verdade seja dita, nós fomos até lá só pra tirar a foto obrigatória mesmo. Estava quente, e não chegamos até um ponto em que pudéssemos atravessar a avenida movimentada pra chegar mais perto dela.
Se quiser chegar mais perto, melhor ir de carro até o Parque da Luz, perto do qual existe um mirante onde pode-se ter uma boa vista da ponte. Outra opção é ir à noite, quando ela fica toda iluminada. Também não tivemos esse privilégio. Viajar, no fim das contas, é fazer escolhas.

 
A famosa ponte, em foto só pra constar
 
 Museus

O Mundo Ovo de Eli Heil

Eli Heil é uma artista catarinense, que já expôs suas obras na França e na Bienal de São Paulo, entre muitos outros lugares. Ainda viva e atuante, hoje ela expõe suas obras em sua própria casa. A visita é guiada pelos filhos da artista, e dura cerca de uma hora. Sua obra é caracterizada pelo uso de materiais diversos (tampa de privada, rolo de papel, salto de sapato alto, entre muitos outros) e pela dificuldade de classificação. Ela é autodidata, e criou inúmeros técnicas usando apenas sua sensibilidade. (link do museu aqui)
A visita começa nos jardins da residência, onde estão algumas esculturas da artista, e depois segue para uma galeria, onde estão quadros, esculturas e outros trabalhos. O filho guia a visita mostrando muito orgulho da mãe, e muito rancor do poder público em geral, por conta de alguns problemas que a mãe teve, inclusive com a derrubada de duas esculturas para ampliação da rodovia onde está o museu. 


Casal e uma das obras mais famosas da artista

Na parte final da visita, dentro da galeria, contamos com a presença da artista, que aos 85 anos permanece lúcida, e conta boas histórias sobre suas obras. Pena que em alguns momentos o filho não a deixa falar por muito tempo, interrompendo-a ou falando por cima dela. A visita custa R$ 8,00 por pessoa, e só é feita através de agendamento.

 
Três artistas, como que não?


Museu Histórico de Santa Catarina

Fica na Praça XV de Novembro, no Centro Histórico de Floripa. Foi sede do governo do estado até 1984, e ainda preserva algumas salas com as mobílias da época. Também recebeu o presidente militar João Fiqueiredo, que não foi muito bem recebido pelos estudantes locais, em episódio que ficou conhecido como “Novembrada”.
A visita é rápida, mas interessante, pra quem gosta de História. E não custa caro, apenas R$ 5,00 por pessoa. Vale a pena para quem não está na cidade apenas pra se tostar no sol.   


Fala se não vale a pena visitar?


Museu Victor Meirelles

Não faz juz ao artista que lhe dá nome. Victor Meirelles foi um dos maiores, senão o maior, pintor brasileiro do período imperial, levando o nome do Brasil ao exterior, sendo reconhecido pelo júri do Salão de Paris, coisa rara à época.
Nesta casa, em que o artista catarinense residiu, estão expostos alguns quadros e estudos, que talvez valham para um estudante de arte, mas para o público em geral é pra se passar voando. Mais vale ir pro Rio de Janeiro e ver as obras de Victor em seu esplendor.  


Chris na fachada do museu, que não vale tanto assim

Comidas e comidinhas

Entre os pequenos quitutes, nenhum foi de grande lembrança na capital catarinense. Em relação aos restaurantes, visitamos alguns durante nossa estadia, que estão melhor detalhados em nosso blog sobre gastronomia, o “Chris e Fê vão papar” (link aqui), com os textos sobre os restaurantes “O Barba Negra”, “Meu Cantinho” e “Ostradamus”.
Vale fazer uma nota negativa ao famoso Bar do Arante, que fica na praia de Pântano do Sul. Ficamos sentados ali por cerca de dez minutos, com o bar vazio, e tivemos que implorar pela atenção dos garçons, que passavam de lá pra cá sem olhar pra nós. Acabamos tomando só uma cerveja, com muito custo, quando a intenção era ficar mais tempo, e até comer alguma coisa. Uma pena, já que o bar é famoso pelos bilhetes que os clientes deixam pendurados quando o visitam, e é de fato muito charmoso por conta disso. O que parece é que o lugar “montou” na fama, e parece não se importar muito em agradar. Em resumo: não precisa da Chris e do Fê. A boa notícia é que a Chris e o Fê precisam menos ainda dele.  


"Sr Bar do Arante, venho por meio desta dizer que não preciso de você"
 
A pousada

Desafio alguém a achar algum custo-benefício melhor pelo Brasil: em uma cidade como Florianópolis, que não é das mais baratas, em um bairro que não é o mais badalado, mas também não é o mais rejeitado, com um quarto bem equipado, com TV de tela plana, móveis novos, decoração cuidadosa e cozinha equipada com geladeira, mesa, pia e fogão, além de um bom café da manhã incluso, tudo por R$ 130,00 a diária para casal. Me arrisco a dizer que é o hotel/pousada com melhor custo-benefício em que já ficamos.


Plaquinha da pousada

Dentro do nosso quarto ainda havia ar-condicionado, que nos custaria R$ 15,00 a mais na diária, caso quiséssemos o controle do mesmo. Mas em pleno verão o ventilador de teto nos bastou. Como nem tudo é perfeito, o chuveiro não tinha lá uma pressão muito pressionada, sabe? No fim do dia chegava a ser um pouco difícil tirar a areia do corpo, por conta da frouxice da água. Mas de resto tudo funcionou à perfeição, inclusive o atendimento dos funcionários e do proprietário Tom, em todos os momentos em que precisamos dele.

É ou não é bonitinho? (O quarto!)

 
E ainda tem cozinha!


Conclusão

Acho que saímos gostando mais de Florianópolis do que quando chegamos. Mesmo com o tempo não ajudando muito, trata-se de uma cidade belíssima, e repleta de coisas pra fazer. Nosso quatro dias completos acabaram sendo poucos para contemplar tudo que a cidade oferece. Várias praias foram deixadas pra trás, algumas construções históricas não foram visitadas , faltou uma curtida a mais no bairro de Ribeirão da Ilha, onde fomos só para jantar, entre outras atrações que não pudemos conferir. Excelentes motivos para voltarmos em outra oportunidade. E mesmo com tanta coisa deixada pra trás, este post já está muito maior do que a efemeridade da internet pressupõe.
Faltou dizer uma coisa muito importante: Florianópolis é muito segura. Nunca, em nenhum momento de nossa viagem, nos sentimos inseguros ou preocupados. Quando chegamos à pousada, num domingo à noite, perguntamos ao funcionário se era seguro sair a pé para jantar. Ele afirmou, com muita ênfase, que não havia perigo algum. Não sei se eu poderia ser tão confiante em relação à minha cidade num domingo à noite.
Bonita e segura. O que mais se pode esperar de uma capital de unidade federativa?


Vem que o riso é garantido