segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Campinas, para além do turismo de negócios

(Não se esqueçam, basta clicar nas fotos que elas ficam ainda maiores! Depois é só dar "esc" e voltar a ler)



A viagem
 

Cidades: Campinas e Nova Odessa
Data: 16/09 a 18/09/2016

Convenhamos, escolher Campinas como destino turístico para um final de semana não é uma decisão das mais ortodoxas. A cidade é muito mais usada para turismo de negócios, já que está entre as dez mais ricas do Brasil, e é o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento brasileiro (dá-lhe Wikipédia). Mas precisávamos de um destino que fosse relativamente perto de São José dos Campos, e que não fosse muito caro. E tínhamos vontade de conhecer melhor esta cidade para a qual ambos já tínhamos ido, mas nunca para fazer turismo do jeito que a gente gosta. Eu tinha ido visitar meu bom amigo André Guesse, e Chris tinha ido para...turismo de negócios!

Seguem abaixo as atrações que conhecemos na cidade, em ordem cronológica, e ao final um pequeno adendo sobre a cidade de Nova Odessa, a 30 quilômetros de Campinas, e que também conhecemos rapidamente.

Claro que o primeiro passo foi nos dirigirmos ao:

Hotel Opala Barão

É fato, não fica numa região muito bonita da cidade. É bem no centrão, e centrão de cidade grande nenhuma costuma ser bonito. A região está um tanto degradada, com prédios abandonados, pichados e sem cuidados. Existe alguma sensação de insegurança à noite, mas nada digno de filme de terror. Tivemos um pequeno problema ao sermos colocados em um quarto sem varanda, quando eu tinha dito no ato da reserva que um dos hóspedes era fumante. Mas fomos rapidamente realocados, sem muita burocracia, e ficamos satisfeitos com o atendimento. O café da manhã não era dos deuses, mas resolvia a fome matinal. As diárias ficaram em R$ 158,35 cada, já contando a taxa de ISS. Um bom custo-benefício, já que a localização, embora num local não muito bonito, era boa, perto dos principais restaurantes e bares da cidade, e colado na Igreja Matriz.


Uma geral do quarto com os pombos

Cara de quem não gostou da vista

Na noite de sexta em que chegamos, fomos ao:

Bar Brejas

O nome não engana: a especialidade da casa são mesmo as cervejas. Mais do que isso, a principal característica de seu cardápio de petiscos é harmonizar cada um deles com as mais de cem cervejas disponíveis. Para quem gosta (longe de ser nosso caso, imagina) é um prato cheio. Gostamos sempre de tomar a cerveja fabricada na cidade, mas só havia a opção de um chopp IPA da Cervejaria Landel (R$ 14,90, 500ml). Acabamos tomando, mas sentimos falta de outras opções locais. Harmonizamos o chopp com uma porção de croquete recheado com queijo brie (R$ 37,90, 10 unidades). Depois pedimos uma cerveja defumada Bamberg Rauchbier (R$ 16,90, 355ml), fabricada na cidade de Votorantim (a 105 quilômetros de Campinas), que juntamos, seguindo sugestão do cardápio, com tiras de filé de frango à milanesa com molho barbecue (R$ 45,90). Achamos bastante interessante a proposta, e gostamos da qualidade dos petiscos escolhidos, bem como da temperatura de cada cerveja, sempre de acordo com cada estilo. E claro, adoramos o fato de haver um cercadinho do lado de fora onde é permitido fumar.


O cercadinho do lado de fora para os fumantes fumarem

Tudo harmonizando no cardápio do Bar Brejas

Felizes e prontos pra harmonizar

Já no sábado, a primeira coisa que fizemos foi visitar a:

Catedral Basílica de Nossa Senhora da Conceição

Ficava bem pertinho do nosso hotel, bastava virar uma esquina, na Rua da Conceição, para avistá-la, imponente. Construída em taipa no século 19, seu "amarelão" chama a atenção de longe, bem como a torre com o sino e as estátuas do lado de fora. Do lado de dentro são bonitos os entalhes em madeira, cheios de detalhes. A Praça José Bonifácio, em frente, concentra uma grande quantidade de moradores de rua, chaga incontornável "nas grandes cidades de um país tão irreal", como diria Humberto Gessinger.


Chris hipnotizada em direção ao "amarelão"

Carinha de sono, porque viajante madruga

Chris "biserva" os entalhes em cedro

Em seguida fomos até a:

Praça Antônio Pompeo e Monumento-túmulo de Carlos Gomes
 

Eu não sabia, mas o famoso maestro Carlos Gomes, autor de O Guarani e um dos mais importantes compositores clássicos brasileiros, nasceu em Campinas. Seu monumento-túmulo foi inaugurado em 1905, quando seu corpo foi trazido de Belém do Pará, onde faleceu em 1896. Ao redor da praça, além de alguns prédios pichados e mal conservados, está o Jockey Clube Campineiro, construção em estilo eclético, de 1925, e que está em bom estado de conservação.

Aí reside o que resta do Carlinhos Gomes, desde 1905

Chris doida pra entrar no Jockey, que estava fechado

Colado à Praça Antônio Pompeo está o:

Largo do Carmo e Basílica de Nossa Senhora do Carmo

Esta igreja foi a primeira matriz de Campinas, e em seu entorno é que a cidade foi construída inicialmente. O Largo do Carmo é considerado o marco zero da fundação da cidade. A igreja está em boas condições, tanto por dentro quanto por fora. Chamam a atenção as belas pinturas no altar-mor, feitas pelo italiano Gaetano Miani. Havia alguns moradores de rua vendendo balas do lado de fora, e também no interior da basílica, em busca da caridade católica que nem sempre é encontrada.


Já mais acordadinhos, pra visitar outra igreja

Uma boa geral da primeira matriz, com o Fê lá longe

Claro que não podíamos ficar sem visitar a:

Feira Hippie
 

Acontece aos sábados e domingos pela manhã, na Praça Imprensa Fluminense, no charmoso bairro de Cambuí. Como em toda cidade grande, Campinas mostra seus contrastes, já que o supracitado "charmoso bairro de Cambuí" fica a cerca de 10 minutos de caminhada da "região (...) um tanto degradada, com prédios abandonados, pichados e sem cuidados" onde estávamos hospedados. A feira é bem variada, com venda de roupas, artesanato, comida e uma área dedicada às antiguidades, com venda de vinis, moedas e cédulas antigas, entre outras coisas que estão na moda em tempos de dominância do retrô e do vintage.

À esquerda caminha Chris, rata de feiras hippies

No início da tarde fomos conhecer o:

Bosque dos Jequitibás
 

Bem próximo ao centro da cidade, não tem como fugir ao clichê de chamá-lo de oásis no meio da selva urbana. A entrada é gratuita. O bosque, criado em 1888, possui alguns animais soltos (avistamos cotias e pavões), além de um pequeno Museu de História Natural, serpentário e aquário (só com peixes ornamentais). Estes três são visitados com um ingresso único que custa R$ 2. Não dá  pra dizer que não vale a pena, embora sejam todos bem modestos. Já o minizoo, que pode ser acessado sem pagar ingresso, não é tão mini assim, e conta com razoável quantidade de animais, além de bons recintos para eles. Há hipopótamos, onças, lontras, aves, entre outros animais de pequeno e médio porte. O bosque também conta com algumas lanchonetes, loja com lembrancinhas (bem pequenina) e a Casa do Caboclo, uma imitação da casa de um caboclo (jura?), que estava fechada para visitação interna durante nossa visita. O bosque está bem cuidado e limpo.

Vamos passear no bosque?

"Preguiça sou eu!", "Não, preguiça sou eu!"

Dessas aí o Fê já pegou até no colo, não sente medo nenhum

O peixe mais bonito mal dá pra ver, ali onde a Chris aponta

A casa é du cabocro, má o cabocru num tava

Tchaikovsky e seu Lago dos Cisnes

Atendendo à Chris, o hipo abriu a bocarra

No meio da tarde rumamos para os:

Distritos de Sousas e Joaquim Egídio
 

Ficam a cerca de 10 quilômetros de Campinas, e a mudança de cenário é radical. Saem os prédios gigantes entram as pequenas casas e construções típicas de uma cidade do interior. O clima é tranquilo, ideal para o glorioso esporte de sentar e tomar uma. Há também trilhas ladeando rios, a antiga estação de trem e ruas de paralelepípedo. Em Joaquim Egídio sentamos no bar Armazém da Estação, e ficamos um tempo vendo a vida passar. Em seguida fizemos parte da trilha à beira rio (ou beira-córrego), e depois rumamos para Sousas, onde tomamos sorvete e perambulamos um pouco pelas ruas de paralelepípedo. Os restaurantes mais famosos lotam de famílias, já que boa parte tem espaços abertos, bons para a criançada. Pela estrada também é possível encontrar lojinhas de artesanato e empórios. 

Clima bucólico na antiga estação

O glorioso esporte

Chris molha os pés, e somente eles, no raso córrego

Todo o charme das ruas de "paipípu"

No finzinho da tarde fomos conhecer o:

Parque Portugal

Também conhecido como Lagoa do Taquaral, é o lugar onde os campineiros vão para fazer suas caminhadas na pista de cooper (meio detonada, é verdade), e onde as crianças podem se entreter com pedalinhos, parque infantil, planetário, passeio de bonde e viveiros de pássaros. Há também uma réplica da caravela Anunciação, usada por Pedro Álvares Cabral durante as grandes navegações. Há visita interna à caravela, que infelizmente não fizemos porque chegamos tarde ao parque. Pelo mesmo motivo, também não fizemos o passeio de pedalinho, mas deu para ver que alguns deles imitam  a caravela, enfeitando a lagoa ao lado dos indefectíveis pedalinhos com formatos de cisnes. Visitar o parque é um passeio bastante agradável, e um clássico para os moradores da cidade. Sempre ficamos felizes em ver os espaços públicos sendo usados pelos locais.


A Chris tá de frente e a caravela tá de costas

Chris de olho nas capivaras na Lagoa do Taquaral

Atos que desafiam a morte

À noite saímos para jantar no:

Restaurante Matisse

Esta experiência está relatada com detalhes (ambiente, avaliação, preço, etc) em nosso outro blog, que pode ser acessado aqui.


No dia seguinte, um domingo de sol, saímos de Campinas e nos dirigimos à cidade vizinha de Nova Odessa, distante apenas 30 quilômetros, onde visitamos o:

Jardim Botânico Plantarum

Considerado o maior jardim botânico da América Latina em quantidade de espécies. O número é mesmo impressionante: quase quatro mil espécies diferentes de plantas, separadas em jardins temáticos, todas com suas respectivas identificações. Muito bem cuidado e bem estruturado, o jardim ainda oferece um pequeno mapa para ajudar o visitante em suas andanças. São 80.000 m² de área, que podem ser percorridos, sem pressa, em cerca de uma hora de passeio. Quem é estudioso do assunto tem motivos para ficar muito mais do que isso. Há muitos lugares belíssimos, com paisagismo caprichado, além de um belo lago e pequenas lagoas. O dedinho nervoso na máquina fotográfica é inevitável, como ficará comprovado aí abaixo. O ingresso custa R$ 25.


Chris querendo ser levada pela ninfa

O lago tem até um índio em sua canoa

A natureza ofuscada pela Chris

Casal florido

Uma faz charme ao lado das flores...

...outro se expõe ao ridículo com o boitatá

Lavandas, a Chris, o lago, só beleza

Melhor focar nas flores

Intervenção dramática

Nossa espécie preferida

Conclusão

Como se vê, Campinas tem atrações suficientes para um bom final de semana de passeio. Vale lembrar que a atração turística mais famosa da cidade é um passeio de maria-fumaça que vai até a cidade de Jaguariúna, passando pelo distrito de Tanquinho. Acabamos não fazendo este passeio porque já tínhamos feito parte dele no sentido inverso, saindo de Jaguariúna, por isso não demos prioridade e ele desta vez. A vizinha Nova Odessa pode ser facilmente conhecida em um bate e volta, acrescentando uma riqueza "botânica" à viagem. Claro que, por ser uma cidade grande, com mais de um milhão de habitantes, a cidade sofre com os problemas típicos das metrópoles brasileiras. Outro problema, desta vez financeiro, é a grande quantidade de pedágios que existem na boa Rodovia D. Pedro I. Gasta-se mais de trinta reais na viagem de São José dos Campos até lá, num percurso de apenas 150 quilômetros. Mas ainda assim conseguimos atingir nosso objetivo de não gastar muito dinheiro e passar um final de semana agradável.   


Causos e anedotas de viagem:

1 - O rottweiler alérgico a água limpa

Estávamos no distrito de Joaquim Egídio, e Chris molhava seus pés no córrego de águas límpidas, depois de fazermos uma curta trilha. Eu, de tênis e meia, e sem ter levado toalha, preferi ficar de fora, apenas tirando fotografias. Eis que chega um casal da terceira idade com seu rottweiler. Os dois se aproximam, me cumprimentam, e começam um pequeno debate sobre se devem ou não soltar a Chiquita. Um diz que sim, o outro diz "será, bem?", até que o homem resolve me interpelar:

- Moço, essa água é limpa?
- Não faço a menor idéia, senhor - respondo, sem pestanejar.

Depois de algum tempo pensando, ele me diz:

- E ela entrou assim mesmo?
- Entrou - respondo, desta vez demonstrando certa surpresa com a pergunta.

Eles então conversam mais um pouco e decidem que Chiquita não merecer ser exposta ao risco. Mas, para minha surpresa, o homem resolve que ele mesmo vai entrar. Tira as chinelas,  mas se detém por um instante. Então diz à esposa:

- Melhor não entrar. Cortei minha unha do pé hoje cedo, e fiz um cortezinho, se a água for suja eu posso me contaminar.




Clara, notória e evidentemente, um chiqueiro


2 - Fê e a problemática dos pandas

No Parque Portugal havia algumas estátuas de ursos-pandas. Não eram lá muito bem feitas, mas turista adora tirar foto em bobeiras desse tipo. Na verdade quem queria era eu, que falei para a Chris que nunca vi um panda, então era a chance de eu tirar umas fotos com alguns deles, nem que fossem de mentira. Mas ao lado das estátuas havia um banquinho cheio de gente. E homem é cheio de vergonha de fazer coisas assim meio "femininas", como tirar fotos fofas com estátuas de pandas, na frente de desconhecidos. Então arquitetamos um plano. Nos aproximamos das estátuas e Chris falou "olha amor, tira uma foto minha aqui!". Fiz minha melhor cara de enfado, tipo "que bizarro isso", e  bati a foto. Em seguida ela disse, bem alto pra todos ouvirem, "agora vai você, se abaixa ali que eu tiro". E lá fui eu, a "contragosto", tirar uma foto com os pandas.



"Ai ai, mulher tem cada uma"



 


 

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Valeu Europeu, entre alemães e italianos (Parte II)

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A viagem

Cidades: Blumenau, Brusque, Botuverá e Nova Trento
Data: 13/03/2016 a 16/03/2016

Esta é a segunda parte de nosso relato sobre a região conhecida como Vale Europeu, em Santa Catarina. A primeira parte pode ser lida aqui.


O Valeu Europeu, também conhecido como Vale do Itajaí, deve seu nome a seus colonizadores. A partir do século XIX, muitos imigrantes europeus chegaram ao Brasil, e se instalaram na região, principalmente alemães, e posteriormente italianos. Ali eles receberam lotes de terra e usaram seus conhecimentos de agricultura para criar um "Brasil europeu". Muitas dessas colônias acabaram se transformando em cidades, que tem as influências européias presentes até hoje nos costumes, nas festas, na culinária e até no idioma.

Nesta segunda parte falaremos mais demoradamente sobre a cidade de Blumenau, onde ficamos hospedados, mas também traremos relatos sobre as vizinhas Brusque, Botuverá e Nova Trento.

Entre todas as cidades do Vale Europeu, certamente a mais famosa é:

1 - Blumenau
 

Eu já havia visitado duas vezes a cidade, uma delas com a Chris, para o casamento de nosso amigo Santhyago. Quando eu fui sem ela foi também para visitar este mesmo amigo, mas em nenhuma das duas vezes tivemos tempo de conhecê-la mais profundamente, coisa que fizemos juntos. Trata-se da maior cidade do Vale Europeu, com mais de 300 mil habitantes. Mesmo com todo esse tamanho, não perdeu o ar interiorano, o que pode ser apreciado em seu charmoso centro histórico, com construções em estilo enxaimel e alpino, e na grande quantidade de áreas verdes espalhadas pela cidade. Também é muito famosa pela sua Oktoberfest, a maior festa alemã das américas, e a segunda maior Oktoberfest do mundo, perdendo apenas para a de Munique, na Alemanha. Estivemos na cidade nos dias citados ali acima, mas também no dia 11/03/2016, quando ainda estávamos hospedados em Pomerode, que fica a cerca de 30 km de distância. O motivo de termos antecipado nossa visita tem a ver com um certo líquido dourado, e será explicado em breve.

Neste citado dia 11/03, uma sexta-feira, começamos nosso passeio em Blumenau pelo centro histórico. Um bom local para começar a andança, que pode tranquilamente ser feita a pé, é a:

Catedral de São Paulo Apóstolo

Possui uma grande torre, com três sinos, que se sobressai na paisagem da cidade. A construção fica em um pequeno elevado que sai da Rua XV de Novembro. A arquitetura é moderna, e já não há nada que lembre a antiga capela, construída no mesmo local em 1864. A catedral é bem ampla em seu interior, e quase não possui estatuaria, exceção feita a uma imagem de São João Paulo II.


E viva o São Paulo!

Mãos pra trás em sinal de respeito, sabe?

Saindo dali, passamos em frente ao:

Castelinho

Trata-se de uma construção em estilo enxaimel, réplica da mais antiga prefeitura alemã, de 1484, na cidade de Michelstadt, no sul da Alemanha. Hoje o prédio abriga uma loja da Havan e um deque onde é possível tomar chopp com vista pro Rio Itajaí-Açu. É impossível caminhar pelo centro e não reparar na bela construção.
 


A mais bela loja da Havan do Brasil

Seguindo pela rua XV de Novembro, passamos pelo:

Teatro Carlos Gomes

Construído e inaugurado em finais da década de 1930, hoje abriga escolas de música, balé e teatro, além da orquestra municipal. Há um belo jardim que leva até a construção, e uma fonte que carece de reparos.


Repare no carecimento de reparos, mas também na beleza

Neste ponto vale deixar a rua XV de Novembro e passar a caminhar pela Avenida Beira-Rio que, vejam só, beira o rio Itajaí-Açu. Depois de alguns minutos de caminhada chega-se à bela:

Prefeitura de Blumenau

Parece mais um hotel do que uma repartição pública, o que demonstra um pouco do ar interiorano citado no início do texto. Em frente a ela fica a locomotiva "Macuca", primeira utilizada em Blumenau, no ano de 1908. 



Macuca e o hotel do prefeito

Pertinho da prefeitura fica a:

Ponte Aldo Pereira de Andrade

Conhecida popularmente como Ponte de Ferro, foi via de passagem da ferrovia que ligava Blumenau a Itajaí, que contribuiu muito para o crescimento econômico da região. Hoje é usada por pedestres e carros de passeio.



Chris andando destemida e sozinha rumo à ponte...


...mas vocês não fazem idéia do medo que esta mulher está sentindo

Um excelente lugar para fazer compras no centro é a:

Feira de Artesanato
 

Embora tenha esse nome, que dá idéia de um espaço aberto, fica em um prédio na Rua XV de Novembro. Reúne diversos artesãos da cidade, com bastante variedade de suvenires, para todos os gostos e bolsos. E tem também aqueles bonequinhos onde dá pra enfiar a carinha, que a gente adora.


Dá pra fazer compra e careta, duas coisas boas pra desopilar

Embora já tenha sido citada algumas vezes aqui, vale vazer um aparte sobre a:

Rua XV de Novembro
 

Com pouco mais de 1,5 km de extensão, deve ser caminhada sem pressa, observando as diversas construções que surgem pelo caminho, muitas delas tombadas pelo patrimônio histórico. Destaque especial à Casa Husadel, que hoje abriga algumas lojas, e ao prédio do Magazine Luiza.


E ainda por cima vende óculos


O Magazine Luiza mais bonito do Brasil

Continuando pela XV de Novembro chega-se ao:

Mausoléu Dr. Blumenau

O Doutor Hermann Bruno Otto Blumenau foi o colono pioneiro na cidade, sendo seu fundador e administrador durante os anos iniciais. O mausoléu guarda seus restos mortais e de alguns membros de sua família. Chris não é muito chegada nessas coisas que envolvem restos mortais, mas entrou junto comigo.



Dr. Blumenau parecendo uma estátua, credo

Colado ao mausoléu, dentro da Fundação Cultural, fica o:

Museu de Arte de Blumenau

Instalado em um prédio de 1875, que já foi sede da colônia, o museu abriga algumas exposições temporárias, além de cursos e oficinas na área de artes. Não há um acervo fixo de obras, ao menos não entendemos assim. As salas de exposição são boas, mas o museu estava um pouco vazio, com poucas obras em exibição. Parte do material do museu parecia um pouco largado, sem grande cuidado com informações aos visitantes.


Chris atrás da obra de arte, ou seria ela a obra de arte?

Corno...quer dizer, cornucópia

Bem em frente ao prédio onde está o museu fica a:

Praça Hercílio Luz

Enquanto Blumenau ainda era colônia, este era o local onde se davam todas as reuniões mais importantes da cidade. Fica à beira do Rio Itajaí-Açu, e abriga algumas atrações, como o:

Museu da Cerveja

Pequeno espaço, com entrada gratuita, dedicado a contar um pouco da história da cerveja na região. Os alemães trouxeram a técnica de fazer cerveja em casa, e hoje Santa Catarina, e Blumenau em especial, são sinônimos de cerveja artesanal no Brasil. O museu tem patrocínio da Brahma e expõe alguns objetos usados pelas antigas cervejarias da região, além de  apresentar aos visitantes um pequeno vídeo falando sobre cada cervejaria local.


Um tequinho da Praça Hercílio Luz

Chris e duas estátuas

Na mesma praça fica o restaurante:

Thapyoka

Uma bela construção de tijolos no meio da praça. Visitamos também a matriz deste mesmo restaurante quando estivemos em Timbó. Aqui chegamos na hora do almoço, e suas dezenas de mesas em um deque à beira do rio Itajaí-Açu estavam vazias. Tomamos um choppinho e comemos porção de aipim frito. Também havia bufê de almoço e o restaurante deu uma enchida perto do meio dia, quando as pessoas que trabalham por perto começaram a chegar para almoçar.


Cronologia invertida, só tiramos essa quando saímos

Aipim com chopp, vai?

Saindo dali pegamos a bela Alameda Duque de Caxias, com suas palmeiras imperiais enfileiradas, e visitamos o:

Museu da Família Colonial

Formado por três casas, a principal delas em estilo enxaimel, com os cômodos repletos de objetos, móveis e utensílios dos primeiros imigrantes. Parte do acervo pertenceu à família do fundador da cidade, Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, que inclusive morou ali por muito tempo. Entre os vários museus do tipo que visitamos durante toda nossa jornada por Santa Catarina, este certamente é o melhor, tanto na riqueza do acervo quanto na organização. É o único dentre eles que possui sistema de audio-guia, em que os visitantes caminham com fones de ouvidos e podem ouvir explicações sobre boa parte do acervo. Pena que o texto do audio-guia era um tanto prolixo, se valeria de um pouco mais de sucintez. Mas vá lá, também cometo este pecadilho às vezes. Como agora, fico escrevendo, escrevendo e não coloco logo as fotos.



E bela Alameda Duque de Caxias, e o museu à direita, vês?


O quartinho dos antigamentes


E o Fê só no AC/DC ao invés de prestar atenção no museu

Nos fundos do museu fica o:

Parque Edith Gaertner

Edith era neta do Dr. Blumenau, e segundo informações era bastante avançada para seu tempo, nas vestimentas e na atitude. Se formou como atriz em Berlim. O pequeno bosque, que hoje está um pouco largado, era seu lugar de contemplação, onde seu avô plantou diversas espécies de plantas.



Chris sem medo no bosque selvagem

Dentro do bosque, Edith construiu o curioso:

Cemitério dos gatos

Edith adorava os bichanos, e sempre quando um morria ela o sepultava em uma cerimônia que contava até com a participação dos vizinhos. Pitoresco, não?



E morreu um bocado, viu?

Um pouco afastado do centro da cidade, mas certamente uma das atrações mais famosas de Blumenau, é o:

Parque Vila Germânica
 

Como o nome indica, é a recriação de uma vila alemã, com construções em estilo enxaimel que abrigam várias lojas de suvenires, além de restaurantes e bares.  Anexo a ele fica o centro de convenções que recebe, entre outros eventos, a Oktoberfest. Estivemos ali em um fim de tarde um pouco chuvoso, mas ainda assim deu pra passear bastante e tomar um choppinho com pastéis. Parece um programa bem paulistano, mas o chopp era de Blumenau e o recheio do pastel era de miúdos de marreco, tá?


Importaram até a chuva da Alemanha


"Dois chopp e oito pastel, por favor"

Eu disse no início do texto que antecipamos nossa visita a Blumenau, mesmo estando ainda hospedados em Pomerode, por conta de um precioso líquido dourado. Pois bem, nosso objetivo principal nesta sexta-feira era visitar o:

Festival Brasileiro de Cerveja
 

Quem costuma tomar cerveja artesanal já deve ter reparado nos pequenos selos que algumas cervejarias colocam em seus rótulos, citando as medalhas recebidas por eles. Pois bem, este é um dos festivais que concedem estes prêmios para as melhores cervejas de cada estilo, dando às premiadas a chance de estampar a chancela em suas garrafas. O festival acontece em um galpão enorme, o mesmo da Oktoberfest. São centenas de estandes de cervejarias de todo o Brasil, uma espécie de Disneylândia dos cervejeiros. 


Salivando antes de entrar

O evento custa R$ 12 às quartas e quintas e R$ 25 às sextas e sábados, dando direito a um copo de acrílico em que o beberrão vai fazer seus degustes. Este copo tem medidas de 100, 200 e 300 ml, e o visitante pode escolher em cada estande quanto vai querer tomar. A cervejaria cobra um preço específico para cada quantidade e para cada rótulo. As doses de 100 ml ficavam em uma média de R$ 3. Para limpar os copos entre cada golada há diversas torneiras espalhadas pelo salão. Também há alguns estandes vendendo comida, pra ninguém beber de barriga vazia. Há caixas para "comprar" o dinheiro local, em cotação de um por um. Trocamos R$ 50 e conseguimos degustar algumas coisas, mas não dava pra abusar porque ainda teríamos que voltar para Pomerode. Mas o festival que nos espere, porque ainda voltaremos pra ficar hospedado bem do ladinho.


Tim tim...ops, é de acrílico, qual a onomatopéia?


"Amor, vamos na montanha-russa agora?"


Ah, ela não podia ficar sem ir na amada Baden Baden

Como já dito, fizemos tudo isso acima quando ainda estávamos hospedados em Pomerode. No dia 13 de março voltamos à Blumenau, para nos hospedarmos no:

Hotel Klopel

A três quilômetros do centro, tem uma fachada bem simples, e foi até meio difícil encontrar. Mas por dentro é bem ajeitadinho, embora o quarto seja um pouco apertado. Mas tem varanda, frigobar, TV de tela plana com canais pagos (até Telecine!) e um bom chuveiro, além de vista para o rio. Café da manhã bem simples, e nos fundos do prédio uma piscina honesta, que nos foi útil em um dia de bastante calor. Diárias a R$ 182.



A piscina honesta


O quarto honesto


A vista honesta

Embora já tivéssemos conhecido muita coisa da cidade no outro dia em que a visitamos, ainda havia algumas atrações que não tínhamos visitado, entre elas o:

Museu Hering
 

Bem complicado de chegar pra quem não estiver de carro, porque não é perto de outras atrações da cidade. A visita começa com um vídeo de sete minutos, que conta um pouco da história da fábrica, que começou no fim do século XIX, com a vinda do empreendedor alemão Herman Hering para o Brasil. O museu mostra a cronologia da marca em um painel, e tem também algumas máquinas antigas. No andar de baixo há alguns vídeos, um deles passando comerciais antigos da malharia, alguns deles bem nostálgicos aos que tem mais de trinta anos. A entrada é franca. A fábrica fica em um bairro afastado porque seu fundador queria fugir das enchentes que são comuns na área central da cidade, à beira do Rio Itajaí-Açu. Talvez essa decisão tenha sido crucial para que hoje vejamos a marca do peixinho em qualquer shopping ou centro comercial do Brasil. Ao lado do museu fica um outlet da marca, com alguns preços bons, inclusive com a possibilidade de comprar por quilo roupas de coleções passadas.


Chris dando trampo num tear antigo


Já o rapaz aí só fuça no algodão, ao lado de uma réplica do primeiro modelo produzido na fábrica

A Vila Itoupava é o bairro de Blumenau onde quase todos os habitantes são de origem alemã. Fica a 25 km do centro. Não podemos dizer que conhecemos o local, mas fomos até lá para almoçar no restaurante:

Abendbrothaus

Nós também temos um blog sobre nossa experiências gastronômicas, e este restaurante poderia figurar lá, mas infelizmente achei que as fotos não ficaram muito boas, e acabei não colocando. O restaurante tem um prato só: marreco recheado, uma das mais tradicionais receitas alemãs. Sendo assim, não há cardápio, o garçom apenas pergunta se queremos alguma bebida, e se ele já pode começar a servir o almoço. Pra quem é meio indeciso, é uma ótima. 



É tudo assim meio alemão

Os acompanhamentos são: repolho roxo, chucrute, arroz, purê de batata, purê de maçã, salada de maionese com batata e língua bovina ensopada. O marreco vem em pedaços à mesa, e seu recheio, feito com seus miúdos, é servido à parte. Podemos dizer que a carne do marreco é um híbrido entre o pato e o boi, e é muito saborosa. A pele é servida bem crocante, e o molho feito com o caldo do próprio marreco é uma delícia. A sobremesa, também única, é sagu de vinho com baunilha, gostosinha. Não gostamos muito do serviço, que poderia explicar melhor o funcionamento da casa. Nós já sabíamos porque tínhamos pesquisado, mas nem nos foi perguntado algo do tipo "já conhecem a casa?". Também as informações sobre o prato - "o que é isso? O que é aquilo?" - tiveram que ser arrancadas a fórceps.


Um banquete


Docinhos

Conhecemos também algumas das muitas opções de lazer ao ar livre em Blumenau. A primeira que visitamos foi a região conhecida como:

Nova Rússia

Não é um parque propriamente dito, mas uma área, ainda dentro dos limites da cidade, rodeada de Mata Atlântica preservada. Fica a 17 km do centro, e tem estradas de terra razoavelmente conservadas. Não pudemos ir muito longe justamente porque tratores faziam a manutenção das estradas. Mas deu pra ter um gostinho do local.



De braços cruzados numa pedra em cima de um rio caudaloso


Escondidinho de Chris

Também conhecemos o mais urbano:

Parque Ramiro Ruediger

Fica bem pertinho da Vila Germânica, e é muito frequentado pelos blumenauenses em busca de suas pistas de corrida, ciclovia, quadras e espaço para patinadores e skatistas. Estava todo enfeitado para a Páscoa quando lá estivemos.



Pata de coelho e ferradura ao mesmo tempo, é muita sorte!


Coelhos pescam peixes depois os usam pra pescar cenouras

Claro que não há cristão - e principalmente pagão - que saia de Blumenau sem conhecer suas cervejarias artesanais. Conhecemos duas. Começando pela menos famosa delas, a:

Bierland


Eu disse que é a "menos famosa" somente porque sua rival é muito conhecida, mas já dá para encontrá-la sendo vendida em boa parte do Brasil, inclusive aqui em São José dos Campos, onde moramos. Fizemos a visita guiada, que passa pelos tanques de fermentação e dá uma boa explicação sobre o modo de produção. Pena que nossos colegas de visita eram jornalistas meio pedantes que chegaram a dizer pra moça da recepção, em tom de desdém: "nossa visita é especial, nós não somos turistas", como se turista fosse uma raça inferior. Acabaram fazendo a mesma visita que a gente, bestões. À parte o desabafo, o que valeu mesmo foi degustar as cervejas no bar anexo à fábrica. Experimentamos três estilos, dos treze que haviam disponíveis: Russian Imperial Stout, Witbier e American Red Ale.

Touquinha? Quem tá de touquinha?

Witbier com linguiça, aí vai bem

Data venia à senhora Bierland, mas a grande estrela da cervejaria de Blumenau ainda é a:

Eisenbahn

Esta pode ser encontrada em todo o Brasil, até porque foi comprada - assim como a Baden Baden de Campos do Jordão - pela multinacional Brasil Kirin. Mas continua fazendo cerveja de qualidade. Seu nome significa estação de trem, e se deve ao fato de sua fábrica ficar em frente a uma antiga estação de trem. Dããã.  



Aquela saidinha pra dar uma pitada

Eu coleciono rótulos das bebidas que compro viajando, e antes mesmo de viajarmos eu já tinha falado pra Chris que da Eisenbahn eu fazia questão de ter todos. Então começamos nossa dura missão, que precisaria dar conta de dez rótulos diferentes. Uma vantagem: desses dez, oito são long neck, com apenas 355 ml, e apenas duas são garrafas maiores, com 500 ml. Chegamos com o bar abrindo, cinco da tarde, portanto estávamos com bastante tempo. Pedimos vários petiscos no decorrer da noite, todos de boa qualidade, como o bolinho de abóbora (R$ 16,50). A maioria das long neck custa R$ 6,50, o que não é muito barato em se tratando da loja da fábrica. Mas o atendimento é muito bom, atencioso e simpático. Os copos são trocados em cada uma das cervejas, e existe um copo exclusivo para cada estilo, o que demonstra que beber aqui é coisa séria. Outra coisa sensacional: as paredes são envidraçadas, e ficamos vendo o movimento dos funcionários na fábrica, fazendo as cervejas que estamos bebendo.


O começo (com uma pilsen)


O meio (com cara de fim)


O fim (com dez garrafas na mesa)


O que existe além (com o garçom na mesa)

Faltou falar de um detalhe importante: estávamos de carro, e o bar era muito afastado do nosso hotel. Eu sabia que a quantidade de cerveja, dividida com a Chris e tomada em um longo período de tempo, não seria suficiente para me deixar em mau estado. Mas eu sabia que uma eventual blitz não concordaria com essa premissa. Daí vem a cereja do bolo da Eisenbahn: um delivery de clientes em qualquer lugar da cidade, mediante agendamento de horário na portaria. Dei a chave de nosso Celtinha alugado ao funcionário, que nos levou seguros até nosso hotel, e outro carro o seguiu para levá-lo de volta ao bar. Genial. Fiquei sabendo disso assim que chegamos, o que deixou nossa noite muito mais leve. Era uma segunda-feira, o que facilitou nossa vida, já que segundo o motorista o serviço é bem concorrido aos finais de semana.

Conclusão sobre Blumenau

O mais bacana é que ela consegue manter-se charmosa mesmo sendo uma metrópole com mais de 300 mil habitantes. O ponto negativo é que o trânsito tem momentos enlouquecedores, com muitas ruas não duplicadas, problema que se potencializa na hora do rush. Comparando com São José dos Campos, onde moramos, que tem o dobro de habitantes, o trânsito de Blumenau é muito pior. A cidade tem boas atrações e muita área verde, mas caso não esteja havendo nenhum evento, dois dias são suficientes para conhecê-la bem. Há também três shopping centers, dos quais visitamos dois, um deles bem perto do centro da cidade. A sensação de segurança é constante, embora obviamente haja os problemas sociais típicos de grandes cidades, como pedintes e pessoas dormindo nas ruas, o que sempre entristece. Como não é novidade em quase nenhuma cidade do Brasil, é importante lembrar que os imigrantes não foram os primeiros habitantes da região, já povoada por índios que acabaram, após vários conflitos, sendo expulsos de suas terras. 


O cabra que tirou essa foto tava mexendo no celular e ficou meio bravo. Serião.

Agora falaremos um pouco sobre outras três cidades vizinhas de Blumenau que conhecemos mais rapidamente durante nossa viagem. Certamente a mais famosa delas é:

2 - Brusque

Segunda cidade mais populosa do Vale Europeu, Brusque tem mais de 100 mil habitantes e fica a apenas 40 km de Blumenau. Uma marca da cidade, e que pode ser considerada uma atração turística, é sua:

Indústria Têxtil

Chegamos à cidade pela SC-410 (antiga SC-411), e na estrada já dá pra ver os shoppings atacadistas que, como o nome indica, só vendem por atacado. Não tivemos tempo de ir até a outra saída da cidade, onde fica a maioria das lojas varejistas. Mas mesmo na SC-410 existem algumas lojas de fábrica e outlets que também vendem à varejo. Chris chegou a comprar três blusinhas por R$ 35! Ficamos imaginando quais seriam os preços nos shoppings atacadistas. Pra quem tem espírito empreendedor, dá pra ir até lá, encher as malas de roupas, voltar e fazer um dinheiro. Não tiramos fotos das lojas, apenas de um erro de português bizarro em uma das placas na estrada.


Atacado, no caso, foi o português

Também visitamos o:

Santuário de Nossa Senhora de Azambuja

Em verdade a igreja é consagrada à Nossa Senhora de Caravaggio, devoção trazida pelos imigrantes italianos que chegaram à Brusque em 1875. Mas como a igreja fica na região conhecida como Vale do Azambuja, o nome da santa evocado por aqui é Nossa Senhora de Azambuja. A igreja já teve três edificações, sendo a versão atual de 1939. Tem um padrão de cores esverdeado, não muito comum nas igrejas brasileiras. O complexto religioso ainda inclui um museu, que estava fechado por ser hora do almoço, uma gruta dedicada à Nossa Senhora de Lourdes, o Morro do Rosário, um seminário e um hospital.



Os Beatles foram de guarda-chuva pra Azambuja


Meio parmerense essa Azambuja, mas a moça é fluminense

A outra atração que conhecemos em Brusque foi o:

Parque Ecológico e Zoobotânico

É um parque bem modesto em suas proporções e instalações. Na entrada, que custa R$ 5, o visitante recebe um mapinha, mas na verdade nem é necessário. Embora pequeno, oferece boas instalações para a maioria de seus animais. O destaque fica para os felinos, entre eles duas onças-pintadas, uma suçuarana e um serval, animal africano raro de ser encontrado em zoológicos brasileiros.



Dois animais raros


A suçuarana bem cuidada e solitária

No mesmo dia em que visitamos Brusque também conhecemos a vizinha:

3 - Botuverá

Distante apenas 23 km de sua vizinha, Botuverá é uma pequena cidade, com 4.468 habitantes, e cuja maior atração é certamente o:

Parque Municipal das Grutas de Botuverá

Fica a 15 km do centro da cidade, e o acesso é feito por estradas de terra. No dia em que visitamos era intenso o movimento de caminhões e tratores, que estavam preparando a pista para pavimentação. Não podemos afirmar, mas é possível que seja reflexo do aumento do número de visitantes após o Globo Repórter ter mostrado o local em uma reportagem. Criado em 2000, o parque tem estrutura de lanchonete, estacionamento e guias e tem como principal atração, claro, a caverna de botuverá, a maior e mais ornamentada do sul do país. 



Olha os Beatles aí, ainda de guarda-chuva. Tá sol, seus porra.

As visitas são guiadas e com horário certo. Chegamos por volta de 9h15, e enquanto esperávamos a visita das 10h fizemos uma pequena trilha de 400m em meio à mata atlântica, dentro das dependências do parque, até chegar a uma pequena cachoeira.


Um regato em meio à Mata Atlântica


O caminho, às vezes, é melhor que o destino

A caverna fica encravada em uma montanha, e foi descoberta em 1940. Sua entrada original era muito pequena, cabendo apenas um homem agachado. Hoje há uma entrada criada artificialmente, e a visita passa por três dos nove salões, sendo os outros seis reservados apenas para estudiosos e cientistas. Nunca se achou uma "saída" para a caverna, e não se sabe até hoje o que provocou o enorme "oco" no meio de uma montanha. Há formações belíssimas, especialmente de estalactites, que descem do teto formando esculturas. O passeio é bem organizado, com escadas e luzes artificiais por todo o percurso, embora o momento mais bacana seja quando todas as luzes são apagadas, para os visitantes terem uma idéia do breu "original" do lugar.

Segundo nosso guia, o fluxo de visitantes aumentou muito após a citada reportagem da Globo, fazendo com que em alguns domingos mais de duzentas pessoas fiquem sem fazer o passeio, mesmo estando dentro do parque. Isso acontece porque o plano de manejo que o IBAMA fez para o local só permite a entrada de 15 pessoas por vez. Segundo o guia algo tem que ser feito, porque a propaganda negativa gerada por alguém que foi até o local e não fez o passeio é muito mais eloquente do que a propaganda positiva dos que fizeram e gostaram do passeio. Também por questões de segurança é proibido tirar fotos dentro da caverna. Por conta disso incluímos aí abaixo, além de uma foto nossa em frente a um cartaz do parque, duas fotos retiradas do site oficial da Prefeitura de Botuverá.



E ainda ficou meio desfocada


Né bonito?


Dava pra mentir e falar que o Fê é aquele um e a Chris aquela uma ali

De mala e cuia, quando já íamos de Blumenau para Florianópolis para pegar o vôo de volta para São Paulo, paramos na cidade de:

4 - Nova Trento

Aqui fizemos uma visita mais demorada do que em Brusque e Botuverá, portanto a cidade ganhará um relato mais completo. Embora não tenha sido nosso caso, é possível fazer um passeio bate-e-volta de Blumenau, já que as duas distam apenas 66 quilômetros.

É o segundo maior destino turístico-religioso do país, perdendo apenas para Aparecida (SP). O motivo é simples: foi a cidade onde se estabeleceu e fez carreira religiosa aquela que é considerada a primeira santa brasileira (mesmo não tendo nascido no Brasil), Santa Paulina. A santa, cujo nome de batismo é Amabile Lucia Visintainer, veio para o Brasil aos nove anos, vinda da região de Trento, que hoje pertence à Itália. Começou sua carreira religiosa bem cedo, fundando com uma amiga a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, cuidando de enfermos da região. Transferida para São Paulo, para o bairro do Ipiranga, começa a cuidar de pessoas pobres, notadamente ex-escravos idosos e crianças orfãs filhas de ex-escravos. Foi beatificada em 1991 e canonizada em 2002.

Ao chegarmos à cidade, passamos primeiro no Centro de Informações Turísticas, que nos deu boas dicas. Dali foi só pegar a Rua Madre Paulina, onde fica a maioria das atrações. Já no caminho é possível encontrar diversas lojas que vendem artesanatos, além de muitos empórios e vinícolas, como a:

Vô Luiz

As vinícolas ao longo da Rua Madre Paulina são todas muito charmosas, e tentam chamar a atenção dos visitantes com suas fachadas cheias de bossa. A do Vô Luiz, com suas duas torres em forma de barril de vinho, foi a que mais nos chamou a atenção. Tanto ela quanto a maioria das outras vendem, em geral, vinhos mais simples, os chamados "vinhos de mesa". Mas vale a pena parar nem que seja só pra tomar um café e comer alguma coisa, que foi o que fizemos.



Vô Luiz todo charmoso

Depois da sequência de vinícolas, chega-se ao:

Monumento da Casa Paterna de Santa Paulina

Embora a construção em si não exista mais, o monumento se encontra no mesmo lugar onde ficava a residência em que a santa morou com seus pais por quinze anos. Há um mural com alguns desenhos que contam parte da história dos sonhos que ela teve com Nossa Senhora de Lourdes, e que reforçaram sua vocação religiosa.



Na casa da santa

Mais adiante um pouco chega-se finalmente à principal atração da cidade, a:

Basílica de Santa Paulina

Em formato de um chapéu de freira, a basílica fica no alto de um pequeno morro, e é alcançada por uma escadaria - há também a opção de se usar uma rampa. Do lado de dentro, como não poderia deixar de ser, a basílica é bem espaçosa, para atender aos milhares de peregrinos que a visitam, especialmente nas datas consagradas pelo Igreja Católica. Tem os bancos em formato de estádio, todos voltados para o púlpito. Quase não há estatuaria, a não ser uma estátua da Santa Paulina, do lado de fora.



"Vamos subir mesmo?"


"Abencoe, que estamos cansados"


Dentro do chapéu da freira

A basílica é apenas parte de um complexo religioso todo montado para receber os peregrinos e turistas comuns. Ao lado da basílica está o acesso para os:

Bondinhos Aéreos Parque Colina

Os bondinhos levam até o Morro da Colina, onde há um belo mirante com vista frontal para a basílica. Também existe um pequeno Museu de Cera. Pequeno mesmo, no sentido de ter apenas duas "cenas": Madre Paulina representada ao lado de uma cama, onde há uma pessoa enferma (que assusta um pouco quando se entra no museu, confesso), e ao lado o Papa João Paulo II. Todas as reproduções espantam pela semelhança, o que se explica pelo fato de terem sido feitas pelo Museu Madame Tussauds, o mais famoso museu de cera do mundo. Não se pode tirar fotos com câmera própria dentro do museu, mas é possível comprar a "foto oficial" ao lado das estátuas por R$ 15. Não embarcamos nessa. No alto do morro existe também uma estátua em bronze da santa, um mural e um velário. Vale lembrar que toda a estrutura dos bondinhos é particular, e é cobrado um ingresso de R$ 26 por pessoa.



Este é o mural


Esta é a vista


Este é o medo

Chegamos de volta à estação do bondinho, e descemos para a Rua Madre Paulina por uma pequena trilha ao lado de uma corredeira, onde foi possível até nos refrescarmos um pouco do calor. 


Prestes a se refrescar

Uma vez lá embaixo, conhecemos a singela:

Capela de Nossa Senhora de Lourdes

Inaugura em 1895, tem alguns detalhes arabescos do lado de fora, e por dentro é bastante colorida. O altar principal é na verdade uma gruta, onde ficou a primeira imagem de Nossa Senhora de Lourdes, vinda da França em 1888. 



Singeleza e arabescos


Coloridona

Bem em frente à capela estão alguns pequenos museus e construções que lembram a vida de Santa Paulina. Uma delas é a:

Casa do Colono

Como o nome indica, é uma reprodução de como seria a casa da Madre Paulina, e também dos outros habitantes da região em finais do século XIX. A entrada é grátis, e a casa fica aberta, sem ter nenhum funcionário por perto, o que torna a imersão mais completa. Era como se nós mesmos fôssemos os habitantes da casa.



Sério, de novo esse negócio de fingir que tá cozinhando?


A vista da varandinha da nossa casa

Como se pode perceber, trata-se de um complexo turístico muito bem planejado, que conta também com lojas de artesanato, cheias de artigos relacionados à santa, além de uma reprodução do casebre onde ela viveu, entre outras coisas. Além de tudo que há para visitar, ainda existe o bônus de se estar em uma região de grande beleza natural. Estivemos ali em uma quarta-feira comum, mas ficamos imaginando como aquilo deve ficar nos finais de semana e nas festas católicas. De qualquer maneira, os peregrinos não podem reclamar, porque há estrutura de sobra para recebê-los.

Afastado do santuário de Santa Paulina, mas também de alguma forma ligado a ela, está o:

Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro

A construção durou de 1899 até 1912, e todos os materiais foram levados morro acima pelas irmãzinhas da Congregação da Imaculada Conceição (ordem fundada por Santa Paulina) e pelos moradores da cidade. São 525 metros de altura, e deve ter dado um trabalho desgraçado. O carro chora pra subir os três quilômetros de via pavimentada que levam até o alto do morro. Lá em cima há lanchonete, venda de artigos religiosos e a igreja, que tem cores alaranjadas, e está em excelente estado de conservação. A torre fica na parte de trás da igreja, e tem em seu interior uma estátua de Nossa Senhora do Bom Socorro, vinda da França em 1906. A parte de cima da igreja, que pode ser acessada por uma pequena escada, guarda, além da estátua, uma linda vista da cidade e de toda a região. 



A traseira que parece dianteira


A dianteira, que parece dianteira mesmo


Aquela que veio da França


Se a foto ficou bonita? Ah, sei lá, diga aí você...


Fê abrindo os braços pro mato

Conclusão sobre Nova Trento

Não há como não comparar com Aparecida, já que as duas formam os maiores centros de peregrinação católica do Brasil. E a verdade é que Nova Trento dá uma banho em termos de estrutura para receber os turistas. Não à toa, já que ela tem o privilégio de estar em uma região que é, literalmente, bonita por natureza. Junte-se a isso o cuidado com as atrações, e a variedade delas, e temos um complexo turístico que não se destina apenas a católicos ou devotos de Santa Paulina, mas a qualquer turista que se preze.

Conclusão final sobre Santa Catarina

Esta é a última postagem que publicamos sobre nossa viagem de dezessete dias por Santa Catarina (todas as outras postagens podem ser acessadas no menu ao lado). Passamos por serras, cachoeiras, montanhas, vales, igrejas, restaurantes e muito mais. Não chegamos a fazer as contas ainda, mas certamente foram mais de vinte cidades visitadas, algumas mais profundamente, outras mais superficialmente, outras tantas em que só paramos para fazer um lanchinho ou tomar um café. Em um estado tão associado às belas praias, ficamos todo esse tempo sem ver o mar - pra ser honesto vimos quando chegamos de avião e quando voltávamos para Floripa pela BR-101. Isso mostra o quanto Santa Catarina tem muito mais a oferecer do que supõe a maioria dos turistas. 

Santa Catarina trata muito bem seus visitantes. Por um lado tem um povo aberto, simpático, receptivo, genuinamente preocupado em fazer o turista se sentir à vontade e, melhor ainda, se sentir em casa. Por outro lado o estado tem uma preocupação institucional com o turismo. Como eu falei em uma das postagens, o estado é dividido em dez regiões turísticas, e cada uma delas tem um guia turístico em papel, distribuído gratuitamente aos visitantes, e que é de muita ajuda. Inclusive pensamos que algo parecido pode ser feito em todos os estados brasileiros, para aproveitar nosso imenso potencial turístico. Além disso, quase todas as cidades pelas quais passamos tem centros de informações turísticas, além de placas indicativas que ajudam muito a encontrar as atrações. O ponto negativo fica por conta da tradição, em muitas cidades, de fechar os estabelecimentos no horário de almoço, das 12h às 13h30, o que nos dificultou bastante em muitos momentos.

Em resumo podemos dizer que, durante nossa viagem, conhecemos a cidade onde se criou a primeira santa brasileira, Santa Paulina. Mas voltamos apaixonados mesmo foi pela Santa Catarina. 



Chris, Fê e o Celtinha macho lá embaixo: esses rodaram pela Santa Catarina, viu?